Outro lado
Hinça não confirma, nem nega. Mário Celso diz desconhecer relações ex-funcionária
O vereador Roberto Hinça (PSD) não confirma, nem nega, que publicidade da Câmara tenha sido divulgada nos programas que apresentou em emissoras de rádio e tevê. "Pode ter ocorrido, mas se foi, não veio diretamente para mim", diz. O parlamentar declara que, se aconteceram veiculações, os recursos não foram direcionados para ele ou empresas vinculadas a ele.
Hinça destaca que os veículos de comunicação em que trabalha ou trabalhou não repassavam a ele dinheiro vindo das propagandas comercializadas. Sobre a relação do ex-funcionário Laércio Men com contratos publicitários da Câmara, Hinça afirmou que sabia que ele possuía a empresa, mas diz que acredita que as duas funções não aconteciam simultaneamente.
Laércio conta que a Men & Cia atua "em busca das verbas dos clientes representando veículos de comunicação, rádio e televisão especialmente". Ele assegura que sempre buscou separar o trabalho como contato publicitário da função pública que exercia. "Quando tinha cargo, trabalhava no cargo. A gente não fez essa mistura", diz.
Ele conta que foram cinco contratos com agências ligadas à Câmara, para programas variados de rádio e televisão, tanto para comerciais como para informes apresentados durante os programas. E acrescenta que não ficou com o total do dinheiro pago pela Câmara uma vez que o pagamento era encaminhado ao veículo de comunicação que divulgou o anúncio e a empresa Men & Cia cobrava apenas 6%.
Relações
O ex-vereador Mario Celso Cunha disse desconhecer que a ex-funcionária do seu gabinete na Câmara Natacha Kosiski tinha relações comerciais com o Legislativo. "É uma surpresa. Novidade. O Johnny [Luiz Chemberg] eu sabia [que tinha empresa], ele trabalha nessa área", afirmou.
O funcionário Johnny Luiz Chemberg, que já esteve na liderança do governo, de responsabilidade de Mario Celso, e hoje consta como servidor nas comissões da Casa, declarou que já trabalhava no Legislativo quando surgiu a oportunidade de fazer também publicidade para Câmara em seu programa.
A ex-funcionária Natacha Kosiski, sócia da empresa beneficiada pelos contratos, não foi localizada pela reportagem. A ex-funcionária e sócia da Editora Femoclan, Maria Eliana de Lima, e o ex-vereador Valdenir Dias também foram procurados pela reportagem, mas não deram retorno às ligações.
Questionado sobre as relações comerciais de um ex-funcionário do seu gabinete com a Câmara, o vereador Algaci Túlio (PMDB) acabou revelando que ele próprio encontrou uma "estratégia" para receber recursos de propaganda do Legislativo municipal. O político afirma ainda que foi oferecida a todos os vereadores da bancada dos comunicadores a oportunidade de fazer anúncios e assim receber verbas da Câmara.
Segundo ele, a oferta teria partido do ex-presidente João Cláudio Derosso (PSDB). Derosso contesta a acusação. Ele diz que os vereadores é que o procuravam em busca de dinheiro de propaganda e ele os encaminhava para as agências que atendem a Câmara, para que conversassem entre eles.
"A verdade é que existia uma verba para os vereadores que têm meio de comunicação pra publicitar a Câmara", diz Algaci. Para poder receber uma fatia dos recursos disponíveis, o vereador confessa que precisou ir em busca de notas fiscais de empresas que pudessem ser apresentadas como comprovação dos serviços prestados. "A gente comprava nota. Muitos [comunicadores] que não têm empresa compram nota de uma empresa de publicidade", conta o vereador, que admite que a prática não é correta. "Na verdade [compra de notas] é uma barbaridade."
No entanto, para o peemedebista, essa era a forma de manter o seu programa de rádio. "Eu vivo de comercial, eu tenho que pagar meu horário de rádio, eu tenho que buscar os meios, patrocínios, pra poder sustentar." Algaci não revelou quanto recebeu da Câmara nem de quem comprou as notas fiscais para justificar os pagamentos.
Ele conta que decidiu depois que estourou o escândalo sobre o contrato de publicidade da Câmara, em julho de 2011 que era melhor parar de pleitear verbas públicas para o programa de rádio que apresenta.
Sobre o ex-funcionário Nello Roy Morlotti, Algaci disse desconhecer que ele tinha uma empresa. Morlotti, por sua vez, assegura que o próprio vereador propôs que o trabalho de criar e manter atualizado o blog do parlamentar fosse cobrado da Câmara. "Mas não era para fazer isso com notas da empresa dele", declara Algaci.
Morlotti afirma que não sabia sobre a ilegalidade de manter relações comerciais com a Câmara no mesmo período em que era funcionário.
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano