Contraponto
Oposição deve ter de 1 a 5 parlamentares
A bancada de oposição na Câmara de Curitiba deve continuar reduzida. A tendência é que os oposicionistas ao prefeito Gustavo Fruet (PDT) não passem de cinco mesmo número da legislatura passada (a Câmara tem 38 vereadores). Por ora, porém, somente a vereadora Noemia Rocha (PMDB) declara abertamente que fará oposição ao pedetista, segundo ela, por orientação do senador Roberto Requião (PMDB).
"Será uma atuação difícil, mas faremos uma oposição coerente e com responsabilidade", afirma a peemedebista. Já a bancada do PSB, partido do ex-prefeito Luciano Ducci, coloca-se como independente. Com quatro parlamentares, a legenda só vai definir sua posição na Casa após avaliar os 100 primeiros dias da gestão de Fruet. Mas, diante das divergências entre o atual e o ex-prefeito quanto à situação financeira da prefeitura logo no primeiro dia da nova gestão, são grandes as chances de o PSB ir para a oposição. Um dos cinco oposicionistas na legislatura passada, o petista Pedro Paulo, que será o líder do prefeito a partir de fevereiro, promete respeitar e ouvir a minoria. "Teremos uma relação de respeito e independência", garante.
Com apenas um voto contrário entre os 38 vereadores, Paulo Salamuni (PV) foi eleito ontem presidente da Câmara Municipal de Curitiba para o biênio 2013-2014. Prometendo resgatar a dignidade da Casa, o parlamentar disse que dará transparência a todos os atos e despesas do Legislativo municipal daqui por diante. Ele garantiu ainda que a Câmara trabalhará de forma independente ao Executivo, com quem terá uma relação de repeito recíproco. Por fim, Salamuni revelou que não disputará a reeleição daqui a dois anos.
Procurador do município de Curitiba, Salamuni está em seu sétimo mandato como vereador. Agora, ele, que foi um dos poucos a criticar publicamente os atos do ex-presidente João Cláudio Derosso desde o início do escândalo das verbas de publicidade da Câmara, será o responsável por comandar a Casa após a maior crise institucional de sua história.
No primeiro discurso como presidente, centrou as declarações na promessa de voltar a fazer com que os curitibanos tenham orgulho da Câmara. "Vamos soerguer o Legislativo municipal. Precisamos ser mais transparentes para não ficarmos mais de joelhos e podermos conversar de igual para igual com o Ministério Público, o Tribunal de Contas, o Judiciário, como há muito não acontece pelos motivos que todos sabem", afirmou.
O novo presidente, porém, admitiu que terá dificuldades no início da gestão. Segundo ele, serão necessários pelo menos dois meses para saber a real situação em que se encontra a Casa. "É uma situação inusitada, porque não fazíamos parte da administração. Temos em mãos até agora o que todos têm e está disponível no Portal da Transparência", revelou. "Vamos fazer uma análise administrativa e política da Casa com tranquilidade e sem arroubo, para que possamos exercer nosso papel."
Questionado sobre a relação que pretende ter com o prefeito Gustavo Fruet (PDT), que o apoiou abertamente na disputa pela Presidência, Salamuni disse que a Câmara cumprirá seu papel de fiscalizar o Executivo. De acordo com ele, o relacionamento será de respeito e harmonia. "O próprio Fruet veio do Parlamento e sabe da importância da independência entre os poderes. A Câmara não será mais um prolongamento do Executivo", garantiu.
O parlamentar anunciou ainda que não pretende disputar a reeleição para presidente, numa referência à situação de Derosso, que permaneceu no cargo por 15 anos seguidos. "Está sepultada a possibilidade de reeleição. O meu mandato tem dia e hora para acabar: daqui a dois anos", declarou.
Contra a chapa Ética e Transparência de Salamuni, somente o vereador Professor Galdino (PSDB) apresentou uma candidatura avulsa para "mostrar a real independência da Casa".
NegociaçãoPT cede cargos e é decisivo em eleição
Partido decisivo na eleição do prefeito Gustavo Fruet (PDT), o PT mais uma vez teve atuação fundamental na disputa pela presidência da Câmara de Vereadores. Mesmo com uma das maiores bancadas, a legenda decidiu abrir mão de integrar a Mesa Diretora para garantir a eleição de Paulo Salamuni (PV) à Presidência do Legislativo. O espaço foi cedido a outros partidos em troca de consenso na briga pelo comando da Casa. "Já estamos contemplados na gestão com a vice-prefeita [Mirian Gonçalves] e alguns secretários municipais", justificou o líder do prefeito na Câmara, Pedro Paulo (PT).
O acordo enfraqueceu a candidatura do vereador Pastor Valdemir Soares (PRB), que, no início das negociações pela Presidência, dizia ter o apoio de 20 colegas. Com isso, os parlamentares decidiram entrar num consenso para lançar apenas uma chapa.
"Entendemos que o primeiro biênio deveria ter mais consenso", disse Valdemir. Partido do ex-prefeito Luciano Ducci, o PSB foi o único a não assinar o registro da chapa que elegeu Salamuni. Os quatro vereadores da legenda, porém, votaram no colega do PV.