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Deputado Anibal Gomes: sem explicação para o sucesso patrimonial. | Diogo Xavier/ Câmara dos Deputados
Deputado Anibal Gomes: sem explicação para o sucesso patrimonial.| Foto: Diogo Xavier/ Câmara dos Deputados

O deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE), aliado do presidente do Senado, R enan Calheiros (PMDB-AL), não soube explicar à Polícia Federal como seu patrimônio aumentou em mais de 20 vezes apenas quatro anos. Segundo a PF, o patrimônio declarado do parlamentar pulou de R$ 300 mil, em 2006, para R$ 6,8 milhões em 2010.

Em depoimento colhido no dia 27 de agosto – e que consta do inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) como desdobramento da Operação Lava Jato –, o deputado disse que apenas seu contador poderia explicar o crescimento. Indagado sobre quem seria o contador, Gomes disse se chamar “Tim”, mas que desconhecia seu nome completo, embora ele trabalhe para o parlamentar “há mais de 20 anos”. O peemedebista negou ter recebido propina de empresas que tinham negócios com a Petrobras. Para Gomes, seu patrimônio real está em R$ 1 milhão.

Gomes confirmou um trecho do depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa dado em delação premiada, segundo o qual houve uma reunião na casa de Calheiros com o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o então presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), hoje ministro do Turismo.

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No depoimento, Aníbal Gomes reconheceu que declarou guardar R$ 1,5 milhão em espécie na sua casa em 2010 e R$ 1,8 milhão em 2014, conforme registros que entregou à Justiça Eleitoral. Sobre a segunda quantia, porém, afirmou “que não sabe a origem da mesma, podendo esta ser explicada pelo seu contador”.

O deputado disse que o valor que possuía “efetivamente” era de R$ 200 mil e não soube dizer por que apareceu, na Justiça Eleitoral, o valor de R$ 1,8 milhão.

Sobre o financiamento eleitoral de sua última campanha, Aníbal Gomes forneceu indícios de caixa dois. A PF quis saber a origem de um depósito de R$ 200 mil que o próprio parlamentar fez em sua conta na campanha eleitoral de 2014.

Gomes explicou que “tais valores procedem de pequenas quantias doadas por amigos”. Indagado sobre o motivo pelo qual as próprias pessoas não realizavam as doações diretamente na conta de campanha, afirmou que “isto se deu em razão de os valores recebidos serem quantias pequenas, motivo pelo qual pedia que as pessoas doassem diretamente” para ele, que fazia os depósitos.

Confuso

De acordo com relatório do delegado da PF José Azevedo de So usa sobre a investigação, Gomes “se mostrou confuso quando indagado a respeito de seu patrimônio declarado a Justiça Eleitoral”. A Procuradoria-Geral da República pediu que o parlamentar seja processado no STF por ter produzido provas de caixa dois em sua própria campanha eleitoral.

Para explicar suas frequentes visitas à sala do então diretor de Abastecimento da Petrobras no Rio, Aníbal Gomes se apresentou como um político empenhado em apresentar empresários que tinham determinadas demandas.

Gomes fez 40 visitas a Costa entre maio de 2007 a dezembro de 2011. Em “80%” das vezes”, disse Gomes, ele foi levar a Costa “solicitações de empresas interessadas em se cadastrar para participar de licitações da Petrobras”.

A PF quis saber por que Gomes tinha tanto acesso a Costa; o parlamentar afirmou que conhecia o ex-diretor há dez anos e ele sempre o tratou de “forma cortês”. Por volta de 2008, quando um problema de saúde teria enfraquecido Costa no cargo que ocupava, o deputado reconheceu ter atuado junto à cúpula do PMDB para mantê-lo nas funções. O deputado, porém, disse que não foi discutido pagamento aos parlamentares.

Gomes disse que Costa “talvez esteja querendo atingir o partido”, pois pode ter ficado “insatisfeito em não receber o apoio desejado” do PMDB. A informação da falta de apoio contradiz o fato de Costa só ter deixado a direção da Petrobras anos depois, em 2012.

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