Diante do agravamento da crise política, com a cúpula do governo e do PMDB arrastados para o centro da Lava Jato e com baixa popularidade, o presidente Michel Temer (PMDB) recebeu de um aliado uma inusitada sugestão para renunciar. Líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO) disse nesta terça-feira (13) que o peemedebista tem que “balizar” o momento de crise institucional e que, em certas situações, os governantes podem fazer um “gesto maior” de abrir mão do mandato. Afirmou ainda que não se deve ter medo da antecipação da eleição presidencial.
“Podemos chegar ao último fato, que é, para preservar a democracia, ter um gesto maior de poder e mostrar que ninguém governa sem apoio popular. E nessa hora não podemos ter medo de uma antecipação do processo eleitoral. Ele [Temer] saberá balizar esse momento. Mas ele deve ter a sensibilidade que não teve a presidente Dilma. Não é provocar as ruas, insistir numa tese que não vai sobreviver. Ele precisa ter noção daquilo que está sendo feito pelo governo e como está sendo aceito pela população. Não é renúncia de ordem pessoal, é um gesto maior, essa situação já vimos no governo anterior”, declarou o parlamentar.
Perguntado por jornalistas se cogita renunciar, Temer não respondeu. “Há conflitos, há problemas no país? Há, e não podemos mantê-los indefinidamente. Não podemos deixar que isso paralise o país. Não deixaremos que isso aconteça”, desconversou. Já um auxiliar presidencial disse ao jornal O Globo que renunciar não está no radar de Temer. “Ele sabia que teria muita dificuldade para governar. O projeto dele é resgatar o país, não quer aplauso nem reconhecimento fácil.”
Mercado pessimista para 2017
Diante do conturbado cenário atual em Brasília, o mercado financeiro já começa a projetar um 2017 tão ruim quanto 2016, incluindo estimativas de queda de quase 1% do PIB – isso acarretaria o terceiro ano seguido de recessão. No último boletim Focus, publicado na segunda-feira (12), por exemplo, a projeção mediana do PIB para o ano que vem indica crescimento de apenas 0,7%. A estimativa já é 0,68 ponto porcentual inferior ao 1,38% de crescimento da economia calculado em meados de setembro, no auge da euforia com o novo governo.