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Lula: aceitar um ministério poderia ser interpretado como confissão de culpa. | Marcus Leoni/Folhapress
Lula: aceitar um ministério poderia ser interpretado como confissão de culpa.| Foto: Marcus Leoni/Folhapress

Em reunião na manhã desta quarta-feira (9) na residência do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ex-presidente Lula reclamou da atuação do Ministério Público Federal (MPF) na Operação Lava Jato, dizendo que sofre “perseguição política”. Durante o encontro, senadores do PT fizeram um apelo para que o ex-presidente aceite ser ministro para se proteger do juiz Sergio Moro, responsável pelas investigações e julgamentos da Lava Jato na primeira instância. Caso vire ministro, Lula ganharia foro privilegiado e só poderia ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Apesar do apelo, reportagem da Folha de S.Paulo informou que, em jantar com a presidente Dilma Rousseff na noite de terça-feira (7), o ex-presidente recusou a oferta de um ministério por entender que isso poderia ser interpretado como uma confissão de culpa.

Na reunião com Renan, Lula afirmou ainda que não era necessário tê-lo levado de forma coercitiva para depor e fez um desabafo dizendo que ele e a ex-primeira dama dona Marisa Letícia estão “tristes com a situação”. “Lula falou que ele não se oporia a depor, mas que fizeram de tudo para colocá-lo na Lava Jato. Ele falou um pouco mal do Ministério Público. Ele está triste, incomodado e disse que dona Marisa não está bem”, relatou um senador que pediu para não ter o nome divulgado.

A reunião que seria apenas com a cúpula do PMDB do Senado acabou ampliada incluindo outros partidos da base aliada, como PT, PCdoB e PDT. Com isso, segundo relatos de participantes, o encontro que ainda está acontecendo foi pouco objetivo quanto a discussão de uma estratégia para tentar conter o impeachment da presidente Dilma Rousseff no Congresso.

Lula, na primeira hora de reunião, fez um relato sobre o uso do sítio em Atibaia e o tríplex no Guarujá, alvos de investigação. Segundo ele, não há nada de errado. Ele também fez referência às mais de 200 caixas de presentes que recebeu quando era presidente, dizendo que contêm desde relógios a bebidas. Contou que distribuiu em vários lugares para guardá-las porque são “trambolhos” que não cabem em sua casa e não tem onde armazenar.

O ex-presidente reclamou ainda que, quando tudo estava bem politicamente, não se questionava nada. “Agora, tudo tem que ser explicado”, disse Lula, segundo um participante do café da manhã.

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