Dirigentes dos partidos da base manifestam apoio ao governo, mas acham que a situação da presidente Dilma Rousseff vai piorar no Congresso depois do rompimento anunciado nesta sexta-feira pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Todos concordam que, apesar de situação delicada perante a Justiça por causa das denúncias da Operação Lava Jato, ele ainda tem um forte poder de fogo na Câmara. O conselho dos aliados é: a presidente Dilma, ministros e o PT devem ter tranquilidade para não botar mais combustível no conflito.
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Os presidentes e integrantes de partidos aliados do governo ouvidos não concordam que seja a hora de pedir o afastamento de Cunha do cargo, como defende o deputado Silvio Costa (PSC-PE).
“Não podemos nos precipitar. Temos 513 deputados na Câmara e a maioria não acompanha uma única liderança. Em primeiro lugar, o PDT vai defender o funcionamento das instituições e manter o apoio a presidente Dilma. A hora é de não radicalizar. Num momento já radicalizado como esse, a presidente precisa evitar maiores atritos e ter tranquilidade para esperar a situação decantar”, aconselha o presidente do PDT, Carlos Lupi.
O ex-ministro Ciro Gomes (Pros-CE), que prepara com seu grupo a saída do partido, alerta que o Brasil está assistindo uma cena “aberrante” em que os atores em cena protagonizam uma crise institucional. Ele diz que Eduardo Cunha tinha de ser preso por obstrução a Justiça, porque está usando o cargo de presidente da Câmara para “achacar” e coagir o procurador geral da República, os delatores, o juíz Sérgio Moro e a presidente Dilma, com ameaça de impeachment e criação de CPIs.
Irmão do ex-ministro Cid Gomes, demitido do Ministério da Educação por Dilma por bater de frente com Cunha, Ciro Gomes disse que quando o PT deu a vice-presidência para a “quadrilha” do PMDB, já sabia que ia acontecer o que está acontecendo agora. O presidente do PROS, Eurípedes Júnior, diz que segunda-feira fará uma reunião da Executiva para se posicionar em relação ao rompimento de Cunha, mas adianta que o partido é aliado de Dilma.
“Eduardo Cunha tem que ser preso. Está usando o cargo para coagir todo mundo”, alerta Ciro.
O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI) - investigado na Operação Lava Jato - acha que o rompimento de Cunha vai trazer mais problemas para Dilma. Mas o PP continua apoiando o governo.
“O rompimento é ruim para o governo pois Eduardo Cunha tem muita liderança na Casa. Mas da mesma forma que quando ele era governo, não pode comprometer a independência da Casa”, diz Ciro Nogueira.
Como o deputado Silvio Costa, o PSol publicou uma nota defendendo o afastamento de Eduardo Cunha do cargo. A nota diz que é inaceitável que se confundam as denúncias feitas contra Eduardo Cunha e Renan Calheiros como um “ataque ao Congresso Nacional”.
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