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O escândalo que abala o PT e nomes de expressão do governo Lula está respingando nos aliados e sujando a imagem de um bloco de partidos que num passado recente ocupava posição confortável ao redor do presidente da República. Legendas como o PTB, PP e PL, acusadas de envolvimento direto no esquema do mensalão, experimentam agora o êxodo de deputados, pré-candidatos e lideranças. Apesar do esforço para garantir um bom desempenho nas urnas em 2006 e manter a representatividade política, a situação das legendas se complica na medida em que todos querem sair e ninguém quer entrar.

O efeito no Paraná começa pela Assembléia Legislativa. Preocupados com a reeleição e atônitos com os desdobramentos das denúncias diárias de corrupção envolvendo correligionários no Congresso Nacional, deputados estaduais do PTB, PP e PL se apressam para buscar uma saída até o dia 30 de setembro, quando termina o prazo para filiações partidárias.

O impasse entre permanecer nos seus partidos ou procurar outro caminho atormenta os parlamentares. "Não podemos pagar a conta dos outros", diz o deputado estadual Geraldo Cartário, que se filiou com pompa no PP em março, tendo a ficha abonada em Curitiba pelo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PE-PP), ameaçado de cassação. Na ocasião, Cavalcanti foi homenageado, em plenário, com o diploma de Menção Honrosa proposto pela bancada do PP.

A preocupação de Cartário e de outros parlamentares, na prática, é que o eleitor não saiba separar o joio do trigo e relacione o partido ao candidato.

O prejuízo eleitoral para aqueles que vão pedir voto na próxima eleição, no entanto, pode ser ainda maior. "A crise não afeta só os partidos, mas todos os políticos. Quem tem mandato vai ter dificuldade de reeleição porque uma onda vai defender 100% de renovação", prevê o presidente do PL do Paraná, deputado federal Oliveira Filho, que acompanhou de perto as conseqüências no próprio partido. No mês passado, o ex-presidente nacional do PL, deputado federal Valdemar Costa Neto (SP), renunciou ao mandato depois de confessar ter recebido dinheiro irregular do PT para despesas de campanha.

Para Oliveira Filho, a crise expôs um problema cultural que não é novidade no país, mas criou um "11 de Setembro" na vida política. "Até então, o esgoto, o lodo, estava correndo manilhado. Agora alguém quebrou e está a céu aberto exalando mau cheiro", comparou. A compra de parlamentares, o chamado caixa 2 e outras formas de corrupção, segundo o presidente do PL, são rotineiras há pelo menos 200 anos no Brasil.

O PTB do Paraná vive o mesmo dilema. Acaba de assistir a cassação do ex-presidente nacional da legenda, deputado federal Roberto Jefferson (RJ), que detonou o esquema do mensalão.

Para o presidente estadual do PTB, Alex Canziani, ainda é cedo para avaliar o impacto eleitoral, mas não estão sendo esperadas grandes mudanças no quadro de filiados no Paraná. "As questões políticas nacionais vão se delinear em dezembro e as coligações, em março de 2006. Tem muita coisa para acontecer ainda", disse o deputado federal, que também viveu um período de tensão para ter que comprovar inocência.

O deputado Canziani foi acusado pelo ex-presidente nacional do PL por um suposto recebimento de mesada paga pelo PT, mas o Conselho de Ética considerou a denúncia infundada e decidiu pelo arquivamento.

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