Logo após a decisão do Conselho de Ética que aprovou o pedido de cassação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), os aliados do peemedebista passaram a calcular qual será sua força no plenário da Casa, que dará - por voto secreto - a última palavra sobre a perda do mandato por quebra de decoro. Pelas contas deles, Renan tem o apoio de 46 senadores contra 35 que votariam pela sua cassação. Nos próximos dias, o desafio dos que defendem a saída do presidente do Senado é conquistar mais seis ou sete votos para ter os 41 necessários para a cassação. Já Renan poderá tentar segurar os votos que tem com um trabalho de assédio aos colegas, além de ameaças veladas, como fez ao longo do processo.
Do outro lado, o relator do caso no Conselho de Ética Renato Casagrande (PSB-ES) aposta em sensibilizar os colegas para o desgaste que o Senado teria com a absolvição de Renan:
- Estamos dando ao plenário um instrumento para que ele se reaproxime da sociedade. Poderá decidir por essa reaproximação ou aumentar mais ainda o fosso que o separa hoje da população - disse.
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), lembrou que a liberação dos votos dos senadores petistas, que resultou na única surpresa da decisão do Conselho de Ética - o voto contra Renan de João Pedro (PT-AM) -, pode dificultar as coisas para o presidente do Senado.
- A votação de hoje abriu um ponto de interrogação: significa que o PT vai votar inteiramente pela cassação? - questionou o tucano.
- Há um cheiro de que podemos ter mudanças no plenário - completou Demóstenes Torres (DEM-GO).
Vale lembrar que são necessários 41 votos para cassar Renan porque para tanto é preciso maioria absoluta, o que significa metade mais um dos 81 senadores. Como a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou a legalidade do pedido de cassação, a previsão é de que a votação no plenário, com voto fechado, possa acontecer já na quarta-feira da semana que vem.
Depois de participar de solenidade com as centrais sindicais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou defender Renan. Lula disse que a responsabilidade pelo julgamento de Renan é do Congresso Nacional e que todas as pessoas têm de se submeter às regras estabelecidas.
Na chegada ao Congresso, nesta quarta-feira, Renan parecia já estar de que sua absolvição é uma questão de tempo:
- Vamos ganhar. É ter calma - afirmou Renan, que entrou sozinho em seu gabinete para acompanhar a votação no Conselho de Ética.
O senador Almeida Lima (PMDB-SE), aliado de Renan de primeira hora que apresentou voto em separado, considerou injusta a decisão do Conselho de Ética. Ele afirmou que vai continuar trabalhando para obter votos em favor do presidente do Senado na votação do plenário.
- Não tenha a menor dúvida. Eu sempre vou trabalhar para manter a minha convicção, e a minha convicção é nesse sentido - disse.
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