A cada dia que passa o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, vem perdendo o apoio de mais aliados do governo Dilma Rousseff. Ontem, foi a vez de um partido, uma central sindical, uma senadora governista e de uma presidente estadual do PT criticarem o ministro e pedirem mais explicações ou o seu afastamento.
Durante visita a São José dos Pinhais, no Paraná, o presidente da Força Sindical e deputado federal, Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), defendeu a saída do ministro do Planalto. "As denúncias estão atrapalhando o governo. O afastamento é necessário para que o Palocci dê as devidas explicações", disse o deputado. "Caso tudo fique corretamente provado, ele volta. Do contrário, pega o boné e se retira." Segundo Paulinho, a administração federal está paralisada devido à crise. O PDT e a Força Sindical são aliados de Dilma.
Já a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), integrante da base de apoio da presidente no Congresso, anunciou ontem que vai assinar o pedido de instalação de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar Palocci. Com a adesão da senadora, a oposição conseguiu reunir até agora 20 das 27 assinaturas para que a comissão seja instalada.
Explicações
A senadora disse que não ficou satisfeita com as explicações de Palocci, em entrevistas ao Jornal Nacional e ao jornal Folha de S.Paulo, sobre sua evolução patrimonial nos últimos quatro anos. "Eu esperava algo que me convencesse, mas o ministro não deu explicações. Minha atitude é de independência em relação ao governo. Eu confio que a presidente Dilma está tendo dificuldades, mas que tenha autoridade e capacidade para resolver o problema o mais rápido possível."
Tradicional aliado do PT, o PCdoB também criticou ontem publicamente o ministro-chefe da Casa Civil. Para o partido, "não há como negar a crise" que se instalou no governo Dilma Rousseff. Em editorial publicado no site da legenda, o PCdoB disse que "as denúncias de enriquecimento ilícito e tráfico de influência, não explicadas nem satisfatoriamente respondidas por Palocci, abriram uma séria crise política e de governo".
O PCdoB resolveu também tornar pública sua principal divergência com a atual gestão: a centralização de poder nas mãos do PT. Para o partido, o problema envolvendo Palocci é um mal que vem para bem. "Como não há males que não venham também para o bem, a crise pode ser também uma oportunidade para o governo superar os problemas que vieram à tona: hipercentralização de poderes numa só pessoa, decisões em núcleo fechado, hegemonia absoluta de uma só força política", disse o PCdoB.
Na opinião dos comunistas, a permanência da crise interessa apenas à oposição. No final do texto, o PCdoB defende a resolução imediata da crise e o fortalecimento da autoridade política da presidente Dilma.
A prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, presidente estadual do PT do Ceará, também cobrou ontem explicações públicas do ministro. Mesmo dizendo que é cedo para condenar, a petista acha que Palocci deve pedir para sair se não conseguir explicar o crescimento rápido do seu patrimônio.