O senador Osmar Dias (PDT) admitiu ontem, pela primeira vez publicamente, que a aliança firmada com o PSDB do prefeito Beto Richa para a disputa pelo governo do estado em 2010 está enfraquecendo. A aliança formada em 2006 reúne 11 partidos e previa a indicação de Osmar Dias para a disputa à sucessão de Roberto Requião (PMDB) no Palácio Iguaçu.
O que desagradou o pedetista, e pode ter colocado em xeque a aliança suprapartidária para 2010, foi o fato de Richa abrir um leque de candidatos dentro da aliança. "Essa aliança já esteve mais acimentada. Quando o Beto coloca isso (mais candidatos) ele tem a intenção de valorizar os companheiros, mas coloca a aliança em dificuldade. Do jeito que está indo está ficando complicado", desabafou o senador, numa entrevista concedida ontem por telefone.
Osmar Dias se referia à entrevista concedida por Beto Richa à Gazeta do Povo, quando comentou a pesquisa Datafolha, que mostrava a liderança dos tucanos frente aos adversários para a eleição de 2010. Richa afirmou que a aliança tem nomes com credibilidade para a disputa eleitoral, citando os tucanos Alvaro Dias e Gustavo Fruet, além do próprio Osmar e Rubens Bueno (PPS).
"A aliança feita em 2008 tinha um candidato para prefeito (Beto Richa). A aliança para 2010 tinha um nome para governador e naquele momento eu era tido como candidato natural. No momento em que tem três (candidatos dentro da aliança), existe uma dificuldade maior em manter essa aliança do que quando ela foi firmada. Eu diria que hoje o grau de confiança (em torno da aliança) é menor do que antes e está sendo colocada mais em xeque de quando foi feita", comentou o senador.
É justamente por essa indefinição, diz Osmar, que outros partidos começam a buscar nomes e alianças. "O PT quando viu que tinha mais de um candidato dentro da aliança, abriu conversa comigo e as conversas estão avançando na mesma proporção da possibilidade do PSDB lançar candidato próprio."
Bombeiros
Apesar do sentimento de Osmar em relação à aliança com o PSDB de Richa, dirigentes das duas legendas reforçam o discurso para manter os dois partidos juntos até a eleição, para evitar a divisão do grupo. O presidente estadual do PSDB, Valdir Rossoni, disse que o resultado da pesquisa Datafolha confirma que existem 3 bons candidatos na aliança, em iguais condições, e que não se encaram como adversários.
A decisão sobre nomes, no entanto, só deve ocorrer no próximo ano e todos precisam de muito juízo até lá. "O resultado das pesquisas que virão pela frente é que nos dará um norte", afirmou. "Se houver distanciamento de Osmar Dias e Beto Richa não será por causa do PSDB. A divisão só interessa aos nossos adversários. Nós soldados, queremos os generais juntos", afirmou.
O líder da bancada do PDT, Luiz Carlos Martins, também está com discurso conciliador. "Comprei um caminhão pipa com 15 mil litros de água e serei o bombeiro para apagar o fogo da divisão", ironizou. Segundo o deputado, tem muita gente colocando lenha na fogueira para rachar a aliança e o Paraná não merece isso.
Para Augustinho Zucchi (PDT), muitas simulações da pesquisa são irreais, como o cenário em que os irmãos senadores Alvaro e Osmar Dias se enfrentariam na eleição para o governo. "Isso é ridículo", reagiu Osmar. Procurado pela reportagem, Richa, por meio de sua assessoria, disse que não vê em Osmar um adversário e reafirmou que está empenhado em fortalecer a aliança para 2010, o que a torna imbatível.
Enquanto isso, os adversários comemoram o desempenho de Orlando Pessuti (PMDB) e duvidam que o PSDB e o PDT continuem unidos até a eleição do próximo ano.
Para o líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), a pesquisa é muito boa para Pessuti, mas muito ruim para Osmar Dias. "Isso mostra a força política do PMDB, que tem mais de 200 municípios na mão e controle político", diz.
O presidente estadual do PMDB, Waldyr Pugliesi, afirma que o partido acabou de lançar o nome de Pessuti e já conseguiu 8% sem nenhum tipo de exposição, enquanto os irmãos Dias estão na mídia e disputaram eleições recentemente.
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