"Estou tratando Aperibé igual a rei", afirma Jorge Picciani, presidente do PMDB no Rio de Janeiro. O pequeno município de 8.104 eleitores no Noroeste do estado, distante 270 quilômetros da capital e seus 4,6 milhões de votantes, desperta cobiça e preocupação entre os peemedebistas. A aliança PR-DEM, unindo redutos eleitorais dos ex-adversários Cesar Maia (DEM) e Anthony Garotinho (PR), levou o PMDB a refazer sua estratégia para as eleições deste ano. A política é não desperdiçar votos e acelerar o rolo compressor não só nos municípios com eleitorado maior, mas também nas cidades de pequeno e médio portes do interior.
A aliança PR-DEM levou a uma nova redivisão do mapa da influência política. Ao conquistar a parceria com o grupo do ex-prefeito do Rio Cesar Maia, o deputado federal Anthony Garotinho reforçou suas bases no Norte, Noroeste, no Centro-Sul, na Baixada e em parte da região Metropolitana, pondo em xeque a hegemonia do PMDB. O ex-governador quer conquistar o maior número de prefeituras, aparelhando-as para as eleições de 2014, quando pretende disputar o Palácio Guanabara. Enquanto o PMDB projeta eleger 45 prefeitos, o PR-DEM fechou a conta em 30, número que peemedebistas já admitem ser possível se concretizar.
O PMDB lançará 54 candidatos cabeças de chapa, além dos aliados, enquanto só o PR somará 70. Anthony Garotinho e Cesar Maia querem, com a aliança PR-DEM, conquistar municípios de porte médio, onde o eleitorado equivale ao de três ou quatro cidades menores, mas sem preterirem as cidades menores. Nos municípios com eleitorado maior, a aliança tem mantido negociações com o PSDB para, em um eventual segundo turno, conseguir o apoio dos tucanos. Até partidos que integram a base de apoio do governador Sérgio Cabral têm sido procurados por Garotinho e Cesar.
"Começamos a correr o estado em setembro do ano passado e hoje mantemos visitas semanais a municípios no interior do estado. Com isso, conseguimos fechar alianças com partidos até então aliados do PMDB, como PSB, PP, PRB e PRTB", afirma o secretário-geral do PR, Fernando Peregrino, que diz ter encontrado portas abertas em prefeituras onde há reclamações de falta de investimentos por parte do governo do Estado. "Inclusive de governos do PMDB".
O PMDB joga suas fichas em todas cidades, independente de tamanho. De acordo com Jorge Picciani, são cidades que, isoladamente, têm poucos eleitores, mas fazem falta no montante de votos fluminense. A estratégia foi usada por Garotinho quando se elegeu governador.
"São nessas cidades que o Garotinho e seu grupo têm mais chances, por isso não podemos descuidar. As convenções são em junho. Então, em algumas cidades, o quadro pode mudar. Caminhando para um lado ou para o outro, a nossa estratégia é vencer ou vencer. Melhor ganhar com um aliado que perder para um adversário", diz Picciani.
Os caciques peemedebistas anteciparam o reforço de suas bases. O governador Sérgio Cabral investe em seus redutos eleitorais na capital, parte da Baixada Fluminense e Região Metropolitana, além da Costa Verde, enquanto o vice-governador Luiz Fernando Pezão tem bases no Sul e no Centro-Sul Fluminense, disputando território com Garotinho e Cesar.
Já o presidente da Assembleia Legislativa, Paulo Melo, possui o controle eleitoral de cidades da região dos Lagos e da Baixada Litorânea. Picciani, principal articulador político do PMDB, estende sua influência pelo interior e parte da capital.
Tanto Garotinho quanto Picciani travam uma queda de braço na disputa por aliados nas cidades do Norte e do Noroeste. Garotinho mira em prefeitos descontentes com o governo do estado e pede apoio para seus candidatos. Picciani oferece estrutura de campanha para conseguir aliados, que têm os nomes submetidos à aprovação de Cabral.