Brasília - As recentes declarações do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a respeito do acordo da Colômbia com os Estados Unidos e sobre a possibilidade de uma guerra com os colombianos, foram motivo para governo e oposição romperem o acordo de votar ainda nesta semana o protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul no plenário do Senado. O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), espera, porém, votar a matéria na quarta-feira da próxima semana.
Jucá havia articulado com os líderes da oposição a votação do protocolo hoje. O pré-acordo, no entanto, foi rompido com a repercussão negativa entre os senadores das declarações de Chávez. Em seu programa de tevê dominical, Chávez pediu aos líderes militares que estejam "prontos para a guerra" e preparem o povo para "defender a pátria" ante uma agressão. As declarações foram feitas em meio a uma elevada tensão com a vizinha Colômbia por causa de um acordo de cessão de bases colombianas aos EUA.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), confirmou o adiamento da votação. É o segundo adiamento consecutivo da votação da proposta, prevista para ter sido realizada inicialmente na semana passada.
"Nesta semana não será a votação. Não votarei a favor desta adesão e não fiz acordo sobre isto. E, se tivesse, o Chávez o teria destruído", disse o líder do DEM, José Agripino Maia (RN). "Foi ele (Chávez) quem fez aquele discurso beligerante, colocando por terra qualquer perspectiva de acordo nesta semana", completou.
Agripino disse que acompanhará os fatos relacionados a este episódio até a próxima semana, antes de articular novo acordo com o líder governista Romero Jucá. O líder do DEM disse ainda que, dependendo das novas declarações de Hugo Chávez, a oposição pode simplesmente votar contra o protocolo de adesão ou trabalhar mais ativamente para atrapalhar os planos do governo e obstruir as votações, atrasando a votação o quanto possível.
DEM e PSDB temem que Chávez, no comando da Venezuela, traga instabilidade à democracia no Mercosul por isso são contrários à aprovação da matéria. Dentro da base governista, há senadores contrários ao ingresso da Venezuela no Mercosul, o que motivou líderes da base aliada a adiarem a votação da matéria.
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