Uma reunião entre um amigo do juiz Sergio Moro com um dos advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva causou desconforto e desconfiança entre os integrantes da força-tarefa da Lava Jato. O encontro aconteceu há cerca de 15 dias, no escritório do advogado Roberto Teixeira, em São Paulo.
Luiz Fernando Delazari é assessor parlamentar do senador Roberto Requião (PMDB-PR) e amigo de Moro há cerca de 40 anos. Conhecido no meio político do Paraná, ele também é advogado, já foi secretário de Segurança Pública do Estado durante a gestão de Requião e promotor de Justiça.
O Estado apurou que Delazari viajou de Curitiba a São Paulo, onde se encontrou com Teixeira. O advogado Luiz Carlos da Rocha também participou da reunião. O assunto tratado não foi revelado. No mesmo dia, Delazari e Rocha teriam se encontrado com representantes da família Constantino, donos da Gol.
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Leia a matéria completaIntegrantes da força-tarefa já tinham recebido informações de que amigos de Moro estariam sendo procurados por pessoas interessadas em informações pessoais e profissionais do juiz da Lava Jato. Um policial federal disse reservadamente à reportagem que considera o encontro “estranho”. Moro não sabia da reunião de Delazari com o defensor de Lula.
Na Lava Jato, o ex-presidente é réu no processo que apura a compra de tríplex no Guarujá, no litoral de São Paulo, por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Também responde a acusações de tentar atrapalhar as investigações da operação.
‘Lealdade inquestionável’
À reportagem, Delazari confirmou que se encontrou com Teixeira, mas disse que nenhum assunto referente à Lava Jato foi abordado. “Não houve nada demais nisso.” Segundo ele, Teixeira fez perguntas e pediu a sua opinião sobre “diversos assuntos”.
Delazari afirmou que, naquele dia, tinha um curso em São Paulo e se encontrou na capital paulista com o advogado Luiz Carlos da Rocha, que também é seu amigo. Rocha teria sido chamado para um encontro com Teixeira e o assessor parlamentar acabou indo junto. “A minha amizade e lealdade ao juiz Sergio Moro são inquestionáveis.”
Sobre a reunião com representantes da família Constantino, Delazari negou que o encontro tenha ocorrido na mesma data da reunião com Teixeira. Segundo ele, o encontro aconteceu há mais de 40 dias.
“Nada foi tratado sobre Lava Jato. Nem sabia que eles eram alvo de investigações. Conversamos sobre outros assuntos que tramitam na Justiça do Paraná.”
‘Menor relevância’
Delazari teve de se explicar ao juiz da Lava Jato, que soube do encontro pela reportagem. Em nota, Moro afirmou: “Conheço o advogado Luiz Delazari, ex-secretário de Segurança Pública do Paraná, e ele é uma pessoa muito correta. O episódio em questão, na minha opinião, não tem a menor relevância”.
O advogado Luiz Carlos da Rocha não respondeu ao Estado nem atendeu às ligações feitas para o seu telefone celular. Roberto Teixeira não respondeu aos questionamentos da reportagem feitos por e-mail.
Por meio de nota, o advogado afirmou: “O único amigo íntimo do juiz Sergio Moro com quem os advogados do nosso escritório tiveram contato, recentemente, para despacho é o desembargador João Pedro Gebran”. “Que, a despeito dessa condição, aceitou julgá-lo mesmo após termos arguido a sua suspeição.”
O Grupo Comporte, que representa a família Constantino, confirmou o encontro com Delazari e Rocha. “[O Grupo Comporte] Esclarece que realizou uma reunião informal com os advogados, mas que nenhum deles foi ou é contratado para representar os interesses da empresa”, diz a nota.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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