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Ao ser questionado sobre a instalação da Comissão Parlamentar da Verdade, Memória e Justiça nesta terça-feira (3) pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, o ministro da Defesa, Celso Amorim, disse na manhã desta quarta-feira (4), no Rio, "não conhecer comissões paralelas" e apenas as "criadas por lei". Insatisfeitos com a lentidão da presidente Dilma Rousseff em indicar os nomes e instalar a Comissão da Verdade, parlamentares decidiram criar uma investigação paralela ao governo pelos crimes cometidos por militares durante a ditadura militar (1964-1985).

"Eu não sei de comissões paralelas. Eu conheço as que são criadas por lei", afirmou Amorim. "Como eu não li os jornais porque estava me preparando para esta cerimônia, não vou fazer um comentário sobre algo que eu não conheço com profundidade. Vou analisar. Se for o caso, eu comento, afirmou o ministro, que participou de uma cerimônia de troca da Chefia do Comando de Operações Navais e Diretoria Geral de Navegação, no 1º Distrito Naval da Marinha, na Praça Mauá.

Em reunião realizada a portas fechadas, membros da nova comissão já ouviram pessoas que conhecem possíveis locais na região da Guerrilha do Araguaia onde podem ser encontrados restos mortais de guerrilheiros. Entre os depoimentos está o de um antigo reservista do Exército, que teria sido usado pelos militares na captura dos guerrilheiros. Os deputados ouviram ainda o depoimento de um mateiro, morador da área rural da região que teria colaborado na localização de integrantes do PCdoB.

"Nós apoiamos (a comissão parlamentar). A deputada Luiza Erundina (PSB-SP) teve uma postura ética e íntegra. Ela teve a coragem, quando foi prefeita em São Paulo, de abrir o Cemitério de Perus, onde foram enterrados militantes políticos como indigentes. Só temos que aplaudir o Congresso pelo o que está sendo feito", ressaltou Cecília Coimbra, integrante do grupo Tortura Nunca Mais.

A Comissão Parlamentar da Verdade, Memória e Justiça é coordenada por Luiza Erundina, autora de um projeto que revê a interpretação da Lei da Anistia e prevê a punição e prisão dos agentes do Estado que torturaram, mataram e sequestraram militantes da esquerda que fizeram oposição ao regime militar.

"Discordamos em vários pontos da Comissão da Verdade. Um dos principais é o que permite o sigilo dos depoimentos das testemunhas e do relatório final, que não será encaminhado à Justiça. Se a comissão vai responsibilizar alguém (pelos crimes), é a Justiça que deveria decidir", afirmou Cecília Coimbra.

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