O novo ministro da Defesa, Celso Amorim, disse nesta sexta-feira (5), durante palestra em João Pessoa, na Paraíba, que precisa ser mais "cuidadoso com as palavras" na nova função. Amorim participou de um evento sobre relações internacionais para estudantes da Universidade Estadual da Paraíba. Ele assumirá o comando da Defesa no lugar de Nelson Jobim, que deixou o cargo na quinta-feira (4).
"Já não posso falar apenas como ex-ministro das Relações Exteriores porque tudo que eu disser vai ser pesado também em função desse cargo para o qual eu estou indicado. Mas isso não vai modificar muito o que eu diria pra vocês. Apenas talvez eu tenha que ser especialmente cuidadoso com as palavras, um pouco mais do que eu seria normalmente como um professor das questões internacionais", disse Amorim.
A nomeação de Amorim foi publicada nesta sexta-feira no "Diário Oficial da União". Depois de quatro anos no cargo, Jobim saiu em razão de declarações atribuídas a ele pela revista "Piauí", na qual fez críticas às colegas Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil). O ex-ministro negou ter dado as declarações, mas a direção da revista reafirmou.
Filiado ao PT, Amorim foi ministro das Relações Exteriores durante os dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República. Segundo o Planalto, ainda não há previsão sobre quando Amorim tomará posse.
Nesta sexta-feira, Amorim agradeceu a confiança da presidente Dilma Rousseff e prometeu empenho na nova função.
"Quero em primeiro lugar expressar o meu agradecimento pela confiança da presidenta Dilma Rousseff a cujo governo eu pretendo servir e trabalhar com o mesmo afinco e empenho com que trabalhei em outras funções."
Durante a palestra, o ministro reforçou o papel do Brasil junto a outros países. Segundo ele, o Brasil nunca se deixou pautar por uma agenda que viesse de fora do país.
"O Brasil sempre foi atuante nas relações internacionais. É o país fora dos membros permanentes que mais vezes serviu no Conselho de Segurança. É um país que tinha e tem uma atuação importante na Organização Mundial do Comércio, algumas atividades, e em vários outros foros ligados ao Meio Ambiente [...] Eu acho que o que é muito importante nesse sentido foi deixar claro que desde o início nós traçamos as nossas próprias prioridade. Nós não nos limitaríamos a reagir a uma agenda que viesse de fora, foi o caso da ALCA, por exemplo", disse.
Mais cedo, também na Paraíba, Amorim disse ter "apreço pelo trabalho feito pelos antecessores, inclusive o ministro Nelson Jobim.
- Escolha de Amorim foi "inadequada", diz Guerra
- Amorim vai conversar com Dilma antes da posse
- Petistas divulgam nota oficial de repúdio a Jobim
- Episódio de troca de ministro é página virada, diz Dilma
- José Dirceu diz lamentar saída de Jobim da Defesa
- Wagner diz que afastamento de Jobim "era necessário"
- Não cabe a militares gostar ou não de Amorim, diz Lula
- Celso Amorim diz ter "apreço" pelo trabalho de antecessores