Um dos maiores cientistas políticos brasileiros, o pesquisador Wanderley Guilherme dos Santos assumirá a presidência da Fundação Casa de Rui Barbosa decidido a lhe devolver a tranquilidade - que considera abalada pela crise aberta pelas críticas do quase presidente da instituição, sociólogo Emir Sader, à ministra da Cultura, Ana de Hollanda.

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"Meu plano fundamental é que a Casa volte a ter uma sobriedade que sempre a caracterizou", disse, em tom cauteloso e sem se referir diretamente a Sader, cuja nomeação foi abortada pela presidente Dilma Rousseff depois que ele, entre outras coisas, chamou Ana de "meio autista". Anunciado oficialmente hoje pelo Ministério da Cultura como novo presidente, Wanderley Guilherme disse ainda não ter projetos definidos para a fundação, mas garantiu que não fará modificações profundas.

"Planos de grandes mudanças teve Juscelino Kubitschek, mas ele podia ter. Eu sou um ser humano bastante consciente da minha limitação e finitude. Até porque tenho que ter uma intimidade com a Casa que não tenho", afirmou. As declarações cuidadosas e a postura modesta são o inverso de atitudes de Sader, que, em entrevista à "Folha de S. Paulo", disse querer transformar a Casa de Rui Barbosa em um espaço de discussão do Brasil e criticou Ana de Hollanda e o ex-ministro da Cultura Gilberto Gil.

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Com o convite - feito ontem, por telefone -, a ministra tenta encerrar a crise que envolveu o ministério desde a divulgação das declarações de Sader. Além das credenciais acadêmicas, o cientista político, por seu perfil, não pode ser considerado representante da "direita" a quem o sociólogo atribui sua queda.

Aos 74 anos, Wanderley Guilherme dos Santos graduou-se em filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1958, doutorou-se em ciência política na Stanford University em 1979 e fez pós-doutorado em teoria antropológica na UFRJ. Professor aposentado da UFRJ, também integrou os quadros do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro - Iuperj.