O ex-presidente da Camargo Correa Dalton Avancini afirmou nesta terça-feira (15 ) que a Andrade Gutierrez participou do cartel de empreiteiras para fraudar licitações da refinaria Abreu e Lima (Rnest), do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobras, e da usina nucelar Angra 3, da Eletronuclear. Delator da Operação Lava Jato, Avancini prestou depomento como testemunha de acusação do processo que investiga crimes praticados por executivos da Andrade Gutierrez na 14ª Vara da Justiça Federal, em Curitiba.
Avancini apontou dois executivos da Andrade Gutierrez como responsáveis por participar das reuniões do cartel. Segundo ele, Elton Negrão esteve nos encontros para discutir como seria a divisão das obras do Comperj entre as empreiteiras. Já Flávio Barra representou a Andrade em pelo menos uma reunião em que executivos da empreiteiras combinaram como seria a divisão da licitação de Angra 3, segundo o delator. Avancini disse, ainda, que esses diretores tinham autonomia para tomar decisões em nome da empresa.
O delator relatou que começou a representar a Camargo Correa nas reuniões do clube de empreiteiras entre 2010 e 2011. Neste momento, segundo ele, os executivos já tinham decidido como seria a divisão da licitação da Rnest e estavam tratando de quem venceria os contratos da Comperj. De acordo com o depoimento dele, o objetivo do grupo era ter “equilíbrio de volume de contratação” com a Petrobras. Umas das reuniões, segundo Avancini, aconteceu na sede da Andrade Gutierrez em 12 de setembro de 2011.
“Tinham várias [reuniões], muitas vezes não me recordo detalhes. Essa foi na sede da Andrade e acredito que um dos motivos era discutir projetos do Comperj que ainda estavam por vir. A Camargo não tinha tido contrato ainda e tinha, como compromisso desse grupo de empresas, que teria obras [no Comperj]. Tinha duas licitações em curso, e uma delas seria direcionado para a Camargo”, afirmou Avancini.
Ao ser questionado sobre como funcionava o pagamento de propinas para diretores da Petrobras, Avancini disse que a Camargo Correa tinha assumido que pagaria 1% dos valores dos contratos que venceu e dos aditivos para a diretoria de Serviços e 1% para a diretoria de Abastecimento. O valor da propina, segundo Avancini, era embutido no custo das obras.
“Era uma provisão em contingências que a gente colocava. na execução do contrato”, disse o delator. “Tínhamos informações de mercado que todas as empresas pagavam propina. Era uma regra, e todo mundo pagava”, completou.
Graça Foster
O Ministério Público Federal liberou a outra testemunha de acusação que seria ouvida nesta terça-feira, Walmir Pinheiro Santana, diretor da UTC. Os advogados do ex-executivo da Andrade, também réu nesta ação penal, convocaram a ex-presidente da Petrobras, Graça Foster para ser ouvida como testemunha de defesa. O depoimento dela ainda não foi marcado pelo juiz Sergio Moro, que conduz o processo.
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