Outro lado
Deputado paranaense e outros denunciados negam as acusações
Por meio de seu advogado, Michel Saliba, o deputado paranaense André Vargas negou as acusações da contadora. "Ele [Vargas] nega veementemente ter recebido a viagem. Não foi em troca de nada. E muito menos ele lavou dinheiro. Essa é uma acusação absurda", disse Saliba.O advogado ainda afirmou que as acusações sobre os fundos de pensão são inverídicas. O deputado Cândido Vaccarezza também rechaçou a denúncia. "É furada", disse. O senador e ex-presidente Fernando Collor não quis falar. O PMDB não quis se manifestar. O atual presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), disse que os fatos relatados são anteriores à sua gestão, mas que seu antecessor, senador Francisco Dornelles (PP-RJ), "nunca na vida sofreu nenhum questionamento" sobre sua reputação.
A contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, revelou com detalhes à Polícia Federal como funcionava a quadrilha acusada de lavar R$ 10 bilhões. No depoimento, ela mencionou como três parlamentares atuaram com Youssef em movimentações financeiras ilegais: o senador Fernando Collor (PTB-AL) e os deputados federais André Vargas (sem partido-PR) e Cândido Vacarezza (PT-SP). Também citou que o esquema teria beneficiado políticos de pelo menos outros dois partidos: PMDB e PP.
Preso desde março em Curitiba em virtude das investigações da Operação Lava Jato, Youssef tinha, segundo a contadora, pelo menos cinco firmas de fachada por meio das quais prestava serviços fictícios de consultoria a grandes empresas. Essa seria a maneira formal encontrada para repassar dinheiro de propina a políticos e servidores. "O Beto [Alberto Youssef] lavava o dinheiro para as empreiteiras e repassava depois aos políticos e aos partidos. Era mala de dinheiro pra lá e pra cá o tempo todo", disse a contadora em depoimento à PF, reproduzido pela revista Veja desta semana.
Uma dessas movimentações teria tido a participação do deputado paranaense André Vargas. "O André Vargas ajudou o Beto [Youssef] a lavar R$ 2,4 milhões. Como pagamento, ele ganhou uma viagem de jatinho. Eu mesma fiz o pagamento", afirmou, segundo Meire, segundo a revista. No início do ano, o parlamentar, que enfrenta um processo de cassação do mandato na Câmara, viajou de férias com a família para a Paraíba em um jatinho fretado pelo doleiro.
No depoimento, Meire Poza ainda disse que Youssef fez depósitos para o ex-presidente Collor e que "guardava isso como um troféu". Ela mencionou também negócios com o petista Cândido Vacarezza para que ele pagasse dívidas de campanha. "Um assessor dele me procurou em 2011 para apresentar um negócio com fundos de pensão no Tocantins", declarou.
A Polícia Federal (PF) considera o depoimento da contadora de Youssef uma das principais provas contra as empreiteiras investigadas sob suspeita de superfaturarem contratos − a maior parte deles com a Petrobras −, como forma de retirar propina do valor adicional. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Meire Poza disse à PF que as empresas que pagavam por serviços de fachada do doleiro sabiam que estavam contratando uma fraude. Em outros trechos do depoimento, reproduzidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, a contadora afirmou que Youssef movimentava grandes quantias em dinheiro vivo "sem justificativa contábil". Segundo ela, o esquema avançou, inclusive, sobre os caixas de prefeituras e estados por todo o país, que dirigiam recursos para fundos operados pelo doleiro. Uma das prefeituras citadas foi a de Paranaguá (não foi divulgado qual período o suposto esquema teria funcionado na cidade).
À PF, Meire Poza disse estar disposta a colaborar com as investigações pois não teria participado do esquema criminoso.
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