Conselho de ética
Oposição protocola dois pedidos de investigação contra vice da Câmara
Agência Estado
PSDB, DEM e PPS protocolaram ontem uma representação pedindo a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra André Vargas (PT-PR), vice-presidente da Câmara dos Deputados. O processo pode levar à cassação do parlamentar. Na representação, os partidos da oposição pedem que o Conselho de Ética convide o doleiro Alberto Youssef a prestar depoimento sobre sua relação com Vargas. Além dessa representação, o PSol protocolou um pedido de investigação contra Vargas na Corregedoria da Câmara. A sigla ainda anunciou que deve entrar hoje com uma nova representação, desta vez no Ministério Público, para investigar Vargas.
Versões
Confira as várias versões de André Vargas sobre sua relação com o doleiro Alberto Youssef:
O voo
Após a revelação de que voou com a família de Londrina a João Pessoa em um jatinho fretado pelo doleiro, Vargas alega que pediu o avião porque voos comerciais estavam muito caros. Na ocasião, ele afirmou que pagou o combustível. Estima-se que o custo da viagem foi de R$ 100 mil.
2ª versão
Depois, em uma nota, Vargas disse que tentou, mas não conseguiu, pagar R$ 20 mil dos gastos de combustível para Youssef. "Ele não aceitou", informou o deputado.
Carona
Depois, em discurso na Câmara, Vargas declarou que só embarcou no voo porque acreditava tratar-se de uma carona. Negou ainda ter feito qualquer tipo de pressão no governo favorável aos interesses de Youssef.
"Vou atuar"
Neste fim de semana, a revista Veja revelou trocas de mensagens entre Vargas e o doleiro. Em uma delas, Youssef afirma: "Estou enforcado. Preciso de ajuda para captar...". Na mesma conversa, Vargas responde: "Vou atuar." Youssef também afirma que negociação com o Ministério da Saúde vai garantir a "saúde financeira" dele e do deputado.
O Palácio do Planalto e a cúpula do PT vão pressionar o deputado André Vargas (PT-PR), vice-presidente da Câmara, a renunciar ao mandato. Na avaliação de ministros e dirigentes petistas, o caso Vargas pode alimentar a CPI da Petrobras, desgastar ainda mais a presidente Dilma Rousseff, que concorrerá à reeleição, e prejudicar as candidaturas do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha ao governo de São Paulo e da senadora Gleisi Hoffmann à sucessão paranaense.
No Planalto, o comentário é que o pedido de licença do deputado, apresentado ontem, não resolve a questão. A situação de Vargas é definida no Planalto como "delicadíssima", insustentável num ano eleitoral.
A bancada do PT na Câmara vai se reunir hoje para avaliar o assunto. Vargas está em Brasília, mas até agora não se sabe se ele participará do encontro. Na quinta-feira, a Executiva Nacional do partido também vai se reunir, em São Paulo, e deve ser nomeada uma comissão interna para que Vargas dê explicações.
O presidente do PT, deputado Rui Falcão, conversou ontem com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a crise política. "Até a semana passada o PT tratava o caso como um assunto pessoal do deputado. Agora, diante das novas informações, a executiva nacional terá que discutir o caso", disse o presidente nacional do PT, Rui Falcão. "Sempre temos que trabalhar com a presunção da inocência, mas o PT não convalida este tipo de relação, se é que ela existe."
O PT teme que a permanência de Vargas no Legislativo dê munição ao PSDB e acabe respingando em Padilha, que era ministro da Saúde e agora é candidato à sucessão do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Além disso, adversários de Gleisi, no Paraná, também já começaram a usar as denúncias para atingir a campanha do PT.
Alguns deles integrantes da sigla comparam o caso de Vargas ao do ex-dirigente Silvio Pereira, obrigado a deixar o PT após ser presenteado por uma empresa com um Land Rover. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Vargas se licencia da Câmara; caso é remetido ao STF
Pressionado pelas denúncias de que teria negócios com Alberto Youssef, André Vargas (PT-PR) pediu ontem licença por 60 dias do mandato e do cargo na mesa executiva da Casa. Já a Justiça Federal remeteu ao Supremo Tribunal Federal (STF) todos os documentos da Operação Lava Jato que ligam Youssef a Vargas. Como deputado, Vargas tem direito a foto privilegiado no STF e uma eventual investigação contra ele tem de ser comandada pelo Supremo.
No pedido de licença do mandato e do cargo de vice-presidente da Câmara, Vargas alegou "motivos pessoais". Em nota de esclarecimento divulgada pela sua assessoria, argumentou que quer "preservar a instituição da qual faz parte, a Câmara dos Deputados, enquanto prepara sua defesa diante do massacre midiático que está sofrendo, fruto de vazamento ilegal de informações".
A assessoria do deputado destacou ainda que Vargas "segue à disposição dos órgãos competentes para prestar quaisquer esclarecimentos que se façam necessários". "O deputado reafirma seu compromisso com sua história política e sua luta em defesa do povo paranaense e do Brasil, sempre", conclui a nota.
Caberá ao STF encaminhar o caso de Vargas à Procuradoria-Geral da República, que decidirá se pede ou não abertura de investigação. A Justiça Federal, que decidiu remeter o caso ao Supremo, considera que há "elementos probatórios que apontam para relação entre Youssef e o deputado". Apesar disso, a Justiça avalia que ainda é prematura afirmação de que o relacionamento entre o doleiro e Vargas "teria natureza criminosa". Apenas a parte relativa ao parlamentar da Operação Lava Jato seguirá para o STF.
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