André Vargas diz ser vítima de “massacre midiático”| Foto: Gustavo Lima/ Câmara dos Deputados

Conselho de ética

Oposição protocola dois pedidos de investigação contra vice da Câmara

Agência Estado

PSDB, DEM e PPS protocolaram ontem uma representação pedindo a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra André Vargas (PT-PR), vice-presidente da Câmara dos Deputados. O processo pode levar à cassação do parlamentar. Na representação, os partidos da oposição pedem que o Conselho de Ética convide o doleiro Alberto Youssef a prestar depoimento sobre sua relação com Vargas. Além dessa representação, o PSol protocolou um pedido de investigação contra Vargas na Corregedoria da Câmara. A sigla ainda anunciou que deve entrar hoje com uma nova representação, desta vez no Ministério Público, para investigar Vargas.

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Versões

Confira as várias versões de André Vargas sobre sua relação com o doleiro Alberto Youssef:

• O voo

Após a revelação de que voou com a família de Londrina a João Pessoa em um jatinho fretado pelo doleiro, Vargas alega que pediu o avião porque voos comerciais estavam muito caros. Na ocasião, ele afirmou que pagou o combustível. Estima-se que o custo da viagem foi de R$ 100 mil.

• 2ª versão

Depois, em uma nota, Vargas disse que tentou, mas não conseguiu, pagar R$ 20 mil dos gastos de combustível para Youssef. "Ele não aceitou", informou o deputado.

• Carona

Depois, em discurso na Câmara, Vargas declarou que só embarcou no voo porque acreditava tratar-se de uma carona. Negou ainda ter feito qualquer tipo de pressão no governo favorável aos interesses de Youssef.

• "Vou atuar"

Neste fim de semana, a revista Veja revelou trocas de mensagens entre Vargas e o doleiro. Em uma delas, Youssef afirma: "Estou enforcado. Preciso de ajuda para captar...". Na mesma conversa, Vargas responde: "Vou atuar." Youssef também afirma que negociação com o Ministério da Saúde vai garantir a "saúde financeira" dele e do deputado.

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O Palácio do Planalto e a cúpula do PT vão pressionar o deputado André Vargas (PT-PR), vice-presidente da Câmara, a renunciar ao mandato. Na avaliação de ministros e dirigentes petistas, o caso Vargas pode alimentar a CPI da Petrobras, desgastar ainda mais a presidente Dilma Rousseff, que concorrerá à reeleição, e prejudicar as candidaturas do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha ao governo de São Paulo e da senadora Gleisi Hoffmann à sucessão paranaense.

No Planalto, o comentário é que o pedido de licença do deputado, apresentado ontem, não resolve a questão. A situação de Vargas é definida no Planalto como "delicadíssima", insustentável num ano eleitoral.

A bancada do PT na Câmara vai se reunir hoje para avaliar o assunto. Vargas está em Brasília, mas até agora não se sabe se ele participará do encontro. Na quinta-feira, a Executiva Nacional do partido também vai se reunir, em São Paulo, e deve ser nomeada uma comissão interna para que Vargas dê explicações.

O presidente do PT, deputado Rui Falcão, conversou ontem com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a crise política. "Até a semana passada o PT tratava o caso como um assunto pessoal do deputado. Agora, diante das novas informações, a executiva nacional terá que discutir o caso", disse o presidente nacional do PT, Rui Falcão. "Sempre temos que trabalhar com a presunção da inocência, mas o PT não convalida este tipo de relação, se é que ela existe."

O PT teme que a permanência de Vargas no Legislativo dê munição ao PSDB e acabe respingando em Padilha, que era ministro da Saúde e agora é candidato à sucessão do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Além disso, adversários de Gleisi, no Paraná, também já começaram a usar as denúncias para atingir a campanha do PT.

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Alguns deles integrantes da sigla comparam o caso de Vargas ao do ex-dirigente Silvio Pereira, obrigado a deixar o PT após ser presenteado por uma empresa com um Land Rover. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Vargas se licencia da Câmara; caso é remetido ao STF

Pressionado pelas denúncias de que teria negócios com Alberto Youssef, André Vargas (PT-PR) pediu ontem licença por 60 dias do mandato e do cargo na mesa executiva da Casa. Já a Justiça Federal remeteu ao Supremo Tribunal Federal (STF) todos os documentos da Operação Lava Jato que ligam Youssef a Vargas. Como deputado, Vargas tem direito a foto privilegiado no STF e uma eventual investigação contra ele tem de ser comandada pelo Supremo.

No pedido de licença do mandato e do cargo de vice-presidente da Câmara, Vargas alegou "motivos pessoais". Em nota de esclarecimento divulgada pela sua assessoria, argumentou que quer "preservar a instituição da qual faz parte, a Câmara dos Deputados, enquanto prepara sua defesa diante do massacre midiático que está sofrendo, fruto de vazamento ilegal de informações".

A assessoria do deputado destacou ainda que Vargas "segue à disposição dos órgãos competentes para prestar quaisquer esclarecimentos que se façam necessários". "O deputado reafirma seu compromisso com sua história política e sua luta em defesa do povo paranaense e do Brasil, sempre", conclui a nota.

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Caberá ao STF encaminhar o caso de Vargas à Procuradoria-Geral da República, que decidirá se pede ou não abertura de investigação. A Justiça Federal, que decidiu remeter o caso ao Supremo, considera que há "elementos probatórios que apontam para relação entre Youssef e o deputado". Apesar disso, a Justiça avalia que ainda é prematura afirmação de que o relacionamento entre o doleiro e Vargas "teria natureza criminosa". Apenas a parte relativa ao parlamentar da Operação Lava Jato seguirá para o STF.