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“Só agora percebi o grande esforço de forças poderosas para me tirar do IAP.” Vitor Hugo Burko, presidente do IAP, justificando por que decidiu fazer denúncias só agora | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
“Só agora percebi o grande esforço de forças poderosas para me tirar do IAP.” Vitor Hugo Burko, presidente do IAP, justificando por que decidiu fazer denúncias só agora| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Acusados rebatem acusações; consórcio diz serem "levianas"

Por meio de nota, o Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos, que inclui a prefeitura de Curitiba e de outras 18 cidades da região metropolitana, rebateu as acusações do presidente do IAP, Vitor Hugo Burko, dizendo que a licitação do lixo foi pública e transcorreu com transparência. O consórcio classificou as denúncias de "levianas, feitas num momento de agonia e desespero".

A reportagem tentou entrar em contato com empresários do consórcio que venceu a licitação (Recipar), mas não consegiu localizar ninguém para comentar o assunto.

O Ministério Público do Paraná também se manifestou informando que a condenação de Burko não teve relação alguma com a licitação do lixo de Curitiba, sendo objeto de um processo regular, onde se respeitou a ampla defesa e o contraditório – e cuja ação passou por várias instâncias da Justiça brasileira. Já o Ministério Público Federal informou que o procurador federal de Paranaguá acusado por Burko só vai se manifestar nos autos.

O superintendente do Ibama no Paraná, José Álvaro Carneiro, avaliou que as acusações feitas pelo presidente do IAP contra ele são uma tentativa de desviar o foco das atenções. "Isso é mentira (a acusação de Burko de que Carneiro teria tentado liberar a ampliação da Caximba)", disse o superintendente, que deixou ontem o cargo por motivos pessoais. "Acho triste que o Burko use desse expediente, de atacar para desviar a atenção ao fato."

O superintendente do Ibama disse ainda que não tem e não teve nenhum interesse particular na licitação do lixo e que "não conhece nem as pessoas que ganharam nem as participaram do processo licitatório".

Ele ainda contra-atacou: "A direção do IAP estava fazendo vistas grossas ou o IAP está muito desestruturado", acusou. Carneiro lembrou duas recentes operações da Polícia Federal (PF) – a Angustifolia, sobre desmatamento, e a Juçara, que desmantelou uma quadrilha acusada de corte ilegal de palmito juçara no litoral. "Nessa Operação Juçara inclusive um funcionário do IAP foi preso", disse. "E na outra (operação), em todas as áreas que ficou comprovado desmatamento, havia autorizações do IAP, o que demonstra que a direção do (IAP) estava de certa forma em estado letárgico." (KK)

Condenado pela Justiça a deixar a presidência do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Vitor Hugo Burko (PV) decidiu atirar para todos os lados antes de sair do órgão estadual. Ontem, ele levantou uma série de suspeitas envolvendo a licitação do lixo de Curitiba e região metropolitana; o superintendente do Ibama no Paraná, José Álvaro Carneiro; e a atuação do Ministério Público Estadual e Federal. Burko, que afirmou estar juntando provas de suas acusações, informou que vai solicitar às autoridades competentes investigações sobre as suspeitas que levantou.

Burko afirmou ter sérias desconfianças de que a licitação para a escolha da empresa que fará a coleta e o aterro do lixo da Grande Curitiba foi direcionada para beneficiar o consórcio Recipar, que venceu o processo licitatório, encerrado em 10 de dezembro. "Parece que algumas forças agem no sentido de fazer pressão para que essas empresas (formadoras do consórcio) tenham certas facilidades", disse ele.

Burko ainda acusou a prefeitura de Curitiba de "tomar as dores" da empresa vencedora durante o processo licitatório. "O Tribunal de Contas (do Estado) é totalmente contra. O sistema deles não é adequado, o preço deles não é o ideal e mesmo assim eles acabam ganhando. A prefeitura tomou as dores dele contra outras empresas. Quer dizer, a prefeitura entrou com uma ação (na Justiça) defendendo os interesses dessa empresa."

O novo aterro de Curitiba, que será em Mandirituba, irá substituir o da Caximba e receberá o lixo produzido por Curitiba e mais 18 cidades da região metropolitana.

O presidente do IAP disse ainda ter sofrido ameaças e tentativas veladas de suborno durante a discussão da ampliação do Aterro da Caximba – necessária para que o lixo da Grande Curitiba tivesse onde ser depositado até que o espaço de Mandirituba esteja pronto. Burko preferiu não citar nomes de quem teria tentado fazer isso, mas disse que a tentativa partiu de um grupo de empresários.

Burko também disse ter certeza de que sua condenação judicial, em ação proposta pelo Ministério Público Estadual, tem a ver com a questão do lixo em Curitiba. A Justiça determinou a perda dos direitos políticos do presidente do IAP e a sua consequente exoneração do instituto porque Burko, quando era prefeito de Guarapuava (1997 a 2004), contratou 30 funcionários sem concurso público. Sua demissão do IAP ainda não ocorreu porque o governo não foi notificado da decisão.

Embora a condenação seja em função de sua administração municipal, Burko afirmou que "forças muito poderosas" teriam se unido contra ele quando começou a tratar do Aterro Sanitário da Caximba, o depósito de lixo da Grande Curitiba.

Segundo Burko, as "forças poderosas" que estariam agindo contra ele foram citadas numa conversa que teve com o superintendente do Ibama no Paraná, Jose Álvaro Car­­neiro. "O Carneiro esteve no meu gabinete no IAP tentando me convencer que eu deveria permitir a ampliação da Caximba. Chegou a me dizer que, se eu não prorrogasse, eu iria enfrentar forças muito poderosas", relembra. Essas "forças" seriam empresas relacionadas à questão do lixo.

Conduta

Burko disse ainda que vai solicitar à Polícia Federal investigação da conduta de um procurador federal de Paranaguá. Segundo o presidente do IAP, esse procurador teria ligações com uma empresa que tem terminais privados de armazenagem de produtos em Paranaguá. Esse membro do Ministério Público Federal (MPF) teria agido para beneficiar a empresa ao entrar com ações judiciais que atrasaram o licenciamento do terminal público do porto.

O presidente do IAP ainda acusou o procurador de insistir para que ele fosse grampeado pela PF durante a Operação Juçara – que investiga o corte ilegal de palmito no litoral. Burko disse que quer saber qual é o interesse de o procurador vasculhar sua vida. "Estou requerendo à PF que apure para saber se há algum interesse pessoal desse procurador."

Burko ainda ameaçou fazer novas revelações. "Há novas denúncias que virão à tona nos próximos dias. Estou reunindo provas." Questionado sobre o motivo de só ter feito as denúncias após a decisão da Justiça, Burko disse: "Só agora percebi o grande esforço de forças poderosas para me tirar do IAP".

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