Lula em evento para defender o governo: conselhos do marqueteiro preso.| Foto: Paulo Pinto/Agencia PT

“O conteúdo e forma mais adequados a este programa seria -e é!- uma fala de dez minutos do presidente Lula – ele fazendo o depoimento que precisa fazer e está devendo a si mesmo, ao partido e à nação.”

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E-mails interceptados na Operação Lava Jato mostram o marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas à Presidência do PT, defendendo um longo pronunciamento do ex-presidente Lula sobre a crise no programa partidário do partido na TV no início deste ano. Santana foi preso em fevereiro sob suspeita de receber no exterior dinheiro desviado da Petrobras.

Em mensagem em dezembro passado ao presidente do partido, Rui Falcão, Santana diz que o pronunciamento de Lula na TV seria uma grande oportunidade. “Trata-se de rede nacional, produzida e controlada pelo partido. Momento raro e único!”, diz.

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O programa do PT foi ao ar no dia 23 de fevereiro, por coincidência, mesmo dia em que Santana e a mulher se entregaram à Polícia Federal. A fase Acarajé da Lava Jato foi deflagrada um dia antes.

No horário do partido na TV, Lula acabou aparecendo por apenas um minuto. Santana diz na mensagem que não teria como dirigir o vídeo, mas poderia opinar.

Em defesa da CPMF

Nos e-mails apreendidos, também há cópias de um material de uma campanha do governo federal em defesa da volta da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).

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A volta do tributo foi uma das principais causas da presidente Dilma Rousseff em 2015.

No material, há reproduções de um comercial de TV que tenta convencer o espectador de que a contribuição é uma “poupança social” necessária para superar a crise. “A CPMF vai combater a sonegação e a lavagem de dinheiro de certos poderosos”, diz um dos vídeos.

Um dos trabalhos afirma que o objetivo dos vídeos é amenizar os “malefícios” da contribuição. O e-mail foi enviado para o marqueteiro em novembro por um diretor de uma das empresas dele.

Santana virou réu nesta sexta-feira (29) sob suspeita de lavagem de dinheiro, corrupção e organização criminosa. Os e-mails foram anexados aos autos de uma das duas ações penais contra ele.