O único deputado do Paraná que se mantinha indeciso e tomou posição contrária ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) nesta segunda-feira (11) foi Aliel Machado (Rede), que integra a comissão da Câmara dos Deputados.
Apesar de a presidente do partido, Marina Silva, ter se posicionado a favor da admissibilidade do pedido, o parlamentar preferiu não seguir a orientação.
Em entrevista à Gazeta do Povo, Machado afirmou que há no país uma “falsa sensação” de que o impeachment vai resolver o problema da “divisão”.
“O [vice-presidente Michel] Temer não pode assumir o país junto com o [presidente da Câmara Eduardo] Cunha para tentar liderar uma frente que não foi aprovada nas urnas. Isso é muito perigoso para o futuro do país”, declarou.
Ele defende que o relatório da comissão especial é frágil e não comprova crime de responsabilidade pela presidente. Para Machado, deve haver o julgamento da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que, para ele, vai resultar em um novo processo eleitoral.
“Não podia deixar meu nome marcado nessa história de maneira tão suja. Vamos lutar para ter novas eleições, que é o que concordo”, disse.
Na comissão, Aliel discursou afirmando que vai “pagar” pelo seu voto. “A emoção hoje toma conta, mas é a razão que ficará na história. Não tenho medo de enfrentar quando tenho razão no meu coração. Voto não”, disse. Ao final da sessão, ele afirmou que continuará “criticando e denunciando o mau uso do dinheiro público pelo governo”, mas que não há preceitos legais suficientes para dar andamento ao impeachment.
Outro paranaense da comissão, o deputado Fernando Francischini (SD) já havia declarado seu voto a favor do prosseguimento do pedido de impeachment da presidente.
Ele pediu mobilização para que o procedimento seja aprovado também no plenário da Casa. “Lá, vamos precisar de apoio de todas as pessoas que têm pedido aos seus deputados que votem pelo impeachment. A guerra lá vai ser bem maior”, afirmou à reportagem.
Votos indefinidos
Com o posicionamento de Machado, o Paraná tem cinco parlamentares que ainda não se posicionaram sobre o impeachment da presidente.
Assis do Couto (PDT) disse nesta segunda que o partido terá diversas reuniões nesta semana para definir um caminho. “A votação da comissão da Câmara não é baliza”, disse.
Já o deputado Ricardo Barros (PP), que é contado para assumir um ministério caso o partido dele feche com o governo, manteve a posição de esperar uma ordem nacional da legenda.
“Não estou indeciso, tenho minha posição pessoal, mas estou aguardando a posição do diretório nacional do partido”, declarou.
João Arruda (PMDB) disse que vai manter a discrição. “A minha posição vocês só saberão no dia da votação [em plenário]”, afirmou.
Os também peemedebistas Sérgio Souza e Hermes Parcianello, que também não se manifestaram sobre a questão até então, não foram encontrados pela reportagem nesta segunda-feira.
Colaborou: Catarina Scortecci
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