Nos idos de 2010, ecoava nos corredores do Palácio do Planalto a história de que Lula havia incorporado a “sabedoria” de Pelé e penduraria as chuteiras da política no auge. Ao desfecho do segundo mandato, o petista era recordista de popularidade, o PIB fecharia o ano com um crescimento de 7,5%. O país prosperava, a sucessora, Dilma Rousseff, estava eleita.
Quase seis anos se passaram para Lula voltar ao Planalto, agora como ministro da Casa Civil. O Brasil não é mais aquele. A popularidade de Lula, muito menos.
Ao aceitar voltar para o governo, o ex-presidente lembra um jogador aposentado que volta ao campo porque o dinheiro acabou e precisa arrancar uns trocados dos antigos fãs. É o roteiro perfeito para deixar de ser mito e virar uma caricatura.
Lula queima nesta terça-feira (16/3) a última carta na manga que manteria o petismo vivo. A visão de que sua primeira gestão tinha sido boa para o país. Agora o resumo é que todos os mandatos petistas, de 2003 até 2016, desaguam na maior recessão econômica da história do país.
Tudo isso sem contar, obviamente, o aspecto moral. Lula era super-herói inatingível, o valentão que saiu do nada para diminuir a desigualdade do país. A partir deste momento, se torna o cara que correu do confronto com o juiz Sérgio Moro.
Na semana passada, perguntado sobre a hipótese de ter Lula como colega de Planalto, o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, respondeu: “qual time não gostaria de colocar o Pelé em campo?” A comparação deixava claro a agonia petista. Em nome do próprio futuro, Lula não apenas aumenta o caos do presente, como arranha um passado de que tanto se orgulha.
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