Em seu primeiro pronunciamento como deputado distrital nesta quarta-feira (14), Geraldo Naves (sem partido, ex-DEM) voltou a negar que o bilhete, no qual o ex-governador José Roberto Arruda teria tratado da tentativa de suborno do jornalista Edson Sombra, tivesse esta finaldiade. Sombra é a principal testemunha do inquérito que investiga um suposto esquema de pagamento de propina no governo do Distrito Federal, o chamado mensalão do DEM. Naves estava preso até esta segunda-feira (12).
Ele foi preso pela mesma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que prendeu Arruda. Os dois foram acusados de tentar subornar uma testemunha do inquérito do mensalão do DEM de Brasília, que tramita no STJ. Depois de dois meses, os magistrados da Corte Especial do tribunal entenderam que eles já poderiam ser soltos, uma vez que a fase de depoimentos havia sido concluída pela Polícia Federal, e o ex-governador não poderia mais tentar atrapalhar as investigações.
Sem citar o nome do jornalista, Naves afirmou em seu discurso no plenário que foi procurado por Sombra, com um pedido de ajuda para reaver uma verba de publicidade. O deputado disse que foi até Arruda e que o então governador teria feito anotações de tópicos da conversa, na qual Arruda teria prometido atender o pedido de Sombra. "Não estava no exercício do mandato, levei vários pedidos de publicidade para outras pessoas", disse Naves.
O deputado afirmou ainda que pediu ao governador que lhe desse as anotações e inocentou Arruda da acusação de tentativa de suborno a testemunha do inquérito. "Nunca ouvi do governador em momento algum qualquer tipo de proposta ilícita. Por que de repente uma simples anotação de um pedido se transforma em crime?", disse Naves.
Ele reforçou que a anotação não foi destinada por Arruda à testemunha do mensalão do DEM e disse que Sombra teria ligado depois pedindo o papel.
No discurso, Naves falou sobre os dois meses que passou na cadeia e disse que se sente condenado injustamente. "É assim que me sinto hoje: condenado a pena de um ano de prisão e com um sexto da prisão fui colocado em liberdade. Mas condenado por quem? Não fui réu, não fui ouvido, mas fui enjaulado", disse Naves. Ele reafirmou ainda que a denúncia feita pelo Ministério Público do DF sobre o inquérito que investiga o mensãlão ainda não foi aceita pela Justiça.
Eleições indiretas
Como deputado distrital, Geraldo Naves terá direito a votar nas eleições indiretas para o governo do DF, marcadas para o próximo sábado (17).No pleito, os deputados vão escolher quem ocupará o governo até 31 de dezembro. São candidatos para assumir o mandato tampão Aguinaldo de Jesus (PRB), Luiz Filipe Coelho (PTB), Antonio Ibañez Ruiz (PT), Rogério Rosso (PMDB), José Messias de Souza (PC do B), Nilton Reis (PV) e Wilson Lima (PR), atual governador interino.
O Distrito Federal enfrenta uma crise política desde que a Polícia Federal deflagrou, em novembro de 2009, a Operação Caixa de Pandora. A PF investiga um suposto esquema de propina no governo distrital, envolvendo o primeiro escalão do Executivo local. As denúncias levaram à prisão e afastamento do então governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) por tentativa de suborno de uma testemunha do caso em fevereiro.
Dias depois, o vice-governador Paulo Octávio renunciou ao cargo, assumindo interinamente o então presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima. Durante a prisão, Arruda teve o mandato cassado pelo TRE-DF por infidelidade partidária, deixando vago o cargo. Ele foi solto pelo Superior Tribunal de Justiça nesta segunda-feira (12), após dois meses preso.
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