Internacional
Dilma vai a África do Sul para participar de encontro dos Brics
Folhapress
A presidente Dilma Rousseff se reúne hoje e amanhã com os líderes políticos da Rússia, Índia, China e África do Sul, na 5ª Cúpula do Brics, que ocorre em Durban, na África do Sul. Em pauta, o esforço conjunto para ampliar parcerias econômicas e comerciais.
Um dos destaques da discussão deve ser a criação de uma nova instituição bancária, uma espécie de alternativa ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI). O Ministério das Relações Exteriores informou que, de 2003 a 2007, o crescimento econômico do Brasil, da Rússia, da Índia e da China nesse período a África do Sul ainda não fazia parte do grupo representou 65% da expansão do PIB mundial.
Em outubro do 2012, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse que os países do Brics se unem também na busca por solução de controvérsias da Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo ele, juntos os países participaram de 365 disputas ao longo dos 18 anos de funcionamento do regime coordenado pela OMC.
A presidente Dilma Rousseff usou quase 50 minutos do seu discurso em Serra Talhada, no sertão de Pernambuco, para enviar recados indiretos a seu provável adversário nas próximas eleições presidenciais, o governador Eduardo Campos (PSB-PE). "Nenhuma força política sozinha é capaz de dirigir esse país com essa complexidade. Precisamos de parceiros. Precisamos que esses parceiros sejam comprometidos com esse caminho", disse a presidente, em uma alusão à base de sustenção do governo federal, da qual o partido de Campos faz parte.
Ela e o governador dividiram ontem um palanque pela primeira vez desde que Campos acentuou sua participação na cena política com visitas a empresários e políticos em que se apresenta como possível presidenciável. Eles estiveram juntos na entrega de um trecho de 118 km da Adutora do Pajeú, projeto hídrico incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
De olho na construção de apoios para 2014, a presidente anunciou, durante o evento, o investimento de R$ 2,8 bilhões do governo federal em obras do PAC no estado. E aproveitou a situação para dar mais uma alfinetada em Campos. Em jantar recente com empresários paulistanos, o governador de Pernambuco cravou: "Dá para fazer muito mais". Dilma usou o slogan a seu favor e deu o recado: o governo do PT ainda vai fazer mais. "Nós mudamos completa e totalmente o que vinha acontecendo [no país]. Nós iremos mudar ainda mais."
Apesar das alfinetadas da presidente, não se viu, no palco, a tão falada antecipação da disputa de campanha. Dilma e Campos se trataram por companheiros e enalteceram parcerias em comum. "Seja bem-vinda, presidenta. Aqui a senhora tem um governador, mas também tem um companheiro, e também tem um amigo de grande jornada", saudou Campos. "Pernambuco lhe recebe e lhe acolhe com a mesma atenção de sempre", frisou. A presidente retribuiu a "recepção calorosa".
A disputa presidencial foi trazida ao palanque pelo ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, do PSB de Pernambuco. Ele mencionou um artigo que afirmava que o ministro estaria "entre a cruz e a caldeirinha". "Eu queria dizer à vossa excelência, ao nosso governador, que eu não sei se [a colunista que escreveu isso] está certa ou esta errada". "É evidente que todos aqui têm legitimidade para debater, discutir, para que o Brasil possa ir ainda mais longe", completou Bezerra.
Se no palanque o clima de disputa entre Campos e Dilma ficou implícitio, nos muros e postes de Serra Talhada a "guerra" era visível. Faixas padronizadas, confeccionadas por seguidores dos dois lados, festejando Dilma e Campos foram espalhados pela cidade e até na BR-232.
"Presidente Dilma, Serra Talhada sente-se honrada com sua visita. Aqui temos gratidão e lealdade ao seu governo", dizia uma faixa. Em outra, assinada pela Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), o socialista foi saudado: "Obrigado, governador Eduardo Campos, pela criação do Fundo de Desenvolvimento municipal". O fundo foi anunciado em fevereiro, logo após um encontro de Dilma com prefeitos de todo o país, inclusive do Nordeste, que disseram ter saído frustrados da reunião com a presidente.