Na fila
Suplente demonstra interesse em ocupar cadeira de ex-tucano
Fernanda Leitóles e Chico Marés
Edson do Parolin, líder comunitário que assumiria a cadeira do vereador João Cláudio Derosso caso ele renunciasse ou fosse cassado, manifestou interesse de se tornar vereador. "Fiquei sabendo da decisão do Derosso hoje [terça-feira]. Vou conversar com o partido e pretendo assumir essa vaga", afirmou o suplente, pela manhã. Ele disse que a conversa seria na tarde de ontem. Entretanto, não foi encontrado pela reportagem depois dessa conversa.
Caso se tornasse vereador, Parolin já chegaria com uma condenação do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) nas costas. Ele foi condenado a pagar R$ 5 mil de multa por ter pedido votos, antes do período eleitoral, para o então pré-candidato Beto Richa (PSDB) em uma distribuição de cobertores no bairro do Parolin. O caso ainda tramita no TSE.
Negócio Fechado
Roberto Hinça dará explicações hoje ao PSD sobre suspeitas
O vereador Roberto Hinça deve prestar esclarecimentos hoje ao Conselho de Ética do PSD sobre seu suposto envolvimento com irregularidades mostradas pela Gazeta do Povo e RPC TV na série "Negócio Fechado". De acordo com o presidente do partido no município, o deputado estadual Ney Leprevost, o próprio vereador pediu voluntariamente para dar essas explicações. Ainda não existe qualquer processo disciplinar contra ele na legenda.
Hinça diz que pediu para dar explicações ao partido assim que as denúncias surgiram. "Prestarei esses esclarecimentos para mostrar que nada tenho a ver com nenhuma irregularidade", disse. Ele nega, também, que tenha qualquer intenção de deixar a corregedoria da Câmara, como foi sugerido pela oposição.
Segundo reportagem da série Negócio Fechado, a empresa de um funcionário do gabinete de Hinça, Laércio Men, recebeu pelo menos R$ 36 mil de verba de publicidade da Câmara. O vereador disse que, apesar de saber da existência da empresa, não sabia que ela tinha recebido verba publicitária da Casa.
Opinião
Lembrar nunca é demais
Daniela Neves, jornalista da Gazeta do Povo, é mestre em Ciência Política
O pedido de desfiliação de João Cláudio Derosso do PSDB, e a possível perda de mandato de vereador, não finaliza a grave situação que vive a Câmara Municipal de Curitiba. Como dirigente da Casa por 15 anos, Derosso pode até ser responsável por boa parte dos desmandos lá cometidos. Porém o que a série "Negócio Fechado" feita pela equipe da Gazeta do Povo e RPCTV mostrou é que um grupo grande de vereadores e de funcionários da Câmara se beneficiava de um esquema "fácil e prático" de mau uso do dinheiro público.
Se o próprio Derosso disse que se sentia "leproso" ultimamente, que fique bem claro para seus colegas vereadores que a saída dele não cura a doença. A instituição Câmara Municipal de Curitiba deve ser fortalecida e para isso será necessário esclarecer para todos que de alguma forma estão vinculados a ela que é preciso muito cuidado e responsabilidade para lidar com dinheiro público. É um bem precioso (e volumoso) que não pertence a quem lida com ele. E isso, que parece óbvio, deve sempre ser ressaltado.
Aos envolvidos no esquema de repasse de verba de publicidade do Legislativo municipal é bom lembrar que alegar desconhecimento da lei não os livra da culpa.
Trabalho fundamental
O trabalho das câmaras municipais é fundamental. Elas atuam na fiscalização do Poder Executivo, na criação de leis e na análise do Orçamento Municipal, peça legal que define de que forma será gasto o dinheiro da prefeitura. Mas os vereadores muitos candidatos à reeleição e que passarão neste ano novamente pela avaliação da população devem levar a sério o seu verdadeiro papel, muito maior e relevante do que têm se prestado, não somente nesta legislatura, mas há muito tempo.
Entrevista
"Como divulgar a Câmara sem valorizar os vereadores?"
Confira a entrevista completa de Cláudia Queiroz, ex-mulher de Derosso e proprietária da agência Oficina da Notícia
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Com sua desfiliação do PSDB, o vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Curitiba João Cláudio Derosso deve encerrar a carreira política após cumprir o atual mandato. Segundo advogados especializados em Direito Eleitoral consultados pela Gazeta do Povo, não há possibilidade de o vereador se inscrever em outro partido para disputar as eleições deste ano, já que o prazo expirou em outubro de 2011. Além disso, o próprio Derosso disse, em entrevista à rádio Banda B, que não quer mais disputar eleições.
FOTOS: Veja como foi o incidente entre Derosso e o repórter do CQC
Na manhã de segunda-feira, o ex-presidente da Câmara declarou à imprensa que não iria desistir de sua candidatura à reeleição e que seria o vereador mais votado de Curitiba em 2012. Entretanto, ao longo do dia, mudou de opinião: encurralado por um pedido de expulsão do PSDB, decidiu deixar o partido na noite de segunda-feira. Para se candidatar às eleições, é preciso estar registrado em um partido político pelo menos um ano antes do pleito. Por causa disso, ao deixar o ninho dos tucanos, Derosso desistiu também de ser vereador na próxima legislatura.
Em entrevista à rádio Banda B, o vereador mencionou que não pretende voltar à política. "Eu descarto a possibilidade de voltar como político. Eu nasci no meio político, mas não quero mais ter de ter compromisso de horário", disse. O vereador contou também que teve "dissabores do ponto de vista pessoal, particular e familiar", e que acredita que o momento é de cuidar de si próprio.
Cadeira
Sua decisão, entretanto, não deve se refletir na legislatura atual. Como faltam poucos meses para o término de seu mandato, é pouco provável que o PSDB consiga recuperar a cadeira a tempo. Caso Derosso deixasse a Câmara, o líder comunitário Edson do Parolin, primeiro suplente, seria empossado.
Segundo o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e professor de Direito Eleitoral Walter Costa Porto, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o TSE julgue essas matérias. De acordo com ele, não é possível prever em quanto tempo o pedido seria julgado, mas é pouco provável que a decisão seja tomada antes da posse da próxima legislatura. "Não tem por que pedir a cadeira, é um processo muito longo. Não vai ser julgado até o fim do ano", afirma.
De acordo com o advogado especialista em Direito Eleitoral Éverson Tobaruela, o diretório estadual é a única parte competente para isso ou seja, nem o suplente, nem os outros vereadores podem pedir à Justiça a devolução da cadeira ao partido. Ele pontua, entretanto, que existem decisões arbitrárias tomadas em vários municípios que contrariam essa resolução. Mesmo assim, a tendência é que elas sejam revertidas pelo TSE. O ex-presidente não quis comentar sua saída do partido à Gazeta do Povo.
Partido
O PSDB ainda não decidiu o que irá fazer. Presidente em exercício do diretório estadual, o deputado Valdir Rossoni negou que essa responsabilidade seja do partido. "Isso depende mais da vontade do suplente do que dos diretórios", afirmou. Ele disse, ainda, que o diretório estadual cumpriu seu papel no momento que houve necessidade de interferência.
Já o vice-presidente do diretório municipal, o deputado Fernando Francischini, disse que espera que o presidente, Fernando Ghignone, convoque uma reunião para discutir o assunto, e preferiu não adiantar sua opinião sobre o caso. A reportagem não conseguiu falar com Ghignone.
Ex-tucano destrata repórter do CQC
Na primeira sessão na Câmara Municipal após sua saída do PSDB, o vereador João Cláudio Derosso se envolveu em mais uma polêmica. Irritado após uma pergunta sobre a contratação da empresa de sua ex-mulher, Cláudia Queiroz Queiroz, o parlamentar arremessou da janela do quarto andar da Câmara o microfone do repórter Maurício Meirelles, do programa humorístico CQC, da TV Bandeirantes.
O repórter do CQC estava em Curitiba para fazer um quadro sobre a Câmara tentando entrevistar os envolvidos na polêmica dos contratos de publicidade da Casa e distribuir camisetas com slogans como "eu desvio verbas públicas" e "eu tenho funcionários fantasmas". Sabendo da presença dos humoristas, a maioria dos vereadores evitava sair do plenário; um deles, inclusive, reclamou com alguns repórteres que queria ir ao banheiro, mas tinha medo de sair e aparecer no programa.
Quando a sessão estava próxima do fim, Derosso deixou o plenário e logo foi cercado pela equipe do CQC. Em um primeiro momento, disse que não ia dar entrevistas e seguiu para as escadarias da Câmara. Questionado sobre sua ex-mulher, o vereador arrancou o microfone da mão do humorista, jogou-o da janela do prédio e desceu as escadas. O humorista reclamou: "É isso o que você faz com o seu eleitor", gritou, irritado. Ele também acusou o vereador e a ex-mulher de "roubarem dinheiro público".
A reportagem entrou em contato com Derosso depois do incidente, mas ele não quis falar sobre o assunto.
Colaborou Euclides Lucas Garcia.
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