Em julho, a PF cumpriu um mandado de busca e apreensão na Casa da Dinda, residência do parlamentar, denunciado ao Supremo por suspeita de participação no esquema de corrupção da Petrobras.| Foto: /

Em parecer enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu nesta terça-feira (3) que sejam colocados à venda os carros de luxo do ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL) que foram apreendidos na Operação Lava Jato, mas acabaram devolvidos ao congressista.

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O Ministério Público Federal suspeita que os automóveis foram comprados como operações de lavagem de dinheiro com o objetivo de esconder o desvio de recursos da Petrobras.

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Na ação, Janot reitera o pedido de venda dos veículos. Essa solicitação já tinha sido feita pelo Ministério Público antes mesmo da decisão do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato, que mandou de volta para a garagem do senador uma Ferrari 458, ano 2010, uma Lamborghini Avent Road, ano 2013, uma Land Rover Range Rover, Ano 2013/14, e Bentley Continental Flying Spur, ano 2012.

Também foi apreendido durante os desdobramentos da Lava Jato um Porsche Panamera S, ano 2011, mas o veículo ainda não foi liberado porque Teori ainda vai avaliar pedido de liberação feito pela empresa que oficialmente é dona do carro.

Na semana passada, Collor comemorou a devolução dos carros publicando um vídeo em seu perfil no Facebook. Na gravação, aparecem uma Ferrari e uma Lamborghini entrando na Casa da Dinda, mansão que se tornou símbolo de seu período na Presidência, de 1990 a 1992. “Eles voltaram ao seu dono”, escreveu o senador.

“Lembra-se daquela operação espetaculosa, com potentes helicópteros e dezenas de viaturas ostensivas, que ocorreu três meses atrás, em Brasília, para apreender veículos pertencentes ao senador Collor? Pois bem, ele estão de volta à garagem do seu proprietário”, completou.

Os investigadores da Lava Jato apontam que foram encontrados vultosos depósitos recebidos e efetuados em espécie, com informações de “dispendiosas transferências” para aquisição de carros de luxo, por empresas ligadas a Collor.

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As investigações revelam que o Lamborghini, que custou R$ 3,2 milhões -sendo que R$ 1,2 milhão foi pago em dinheiro vivo-, encontra-se com parcelas em atraso.

Além do Lamborghini, a empresa, a Água Branca, que tem Collor como sócio, possui um Bentley avaliado em mais de R$ 500 mil e uma Land Rover de R$ 500 mil. A empresa, diz o Ministério Público, não possui sede física, empregados nem efetiva participação de empresas. A Água Branca é ainda arrendatária de um Rolls-Royce, ano 2005/2006.

Chamou atenção dos investigadores que a compra dos veículos teriam ocorrido mediante fracionamento de várias parcelas em dinheiro e transferências no mesmo dia ou em dias sucessivos. Há indícios de que uma das transações foi efetuada por empresa que recebeu recursos do doleiro Alberto Youssef e que estaria em nomes de laranjas.

DENÚNCIA

Collor foi denunciado por Janot ao STF pelos crimes no esquema de desvios da estatal, como corrupção ativa e lavagem. O grupo do senador é acusado de receber R$ 26 milhões em propina.

Além do senador, a PGR denunciou ao STF um ex-ministro de Collor, dois servidores de seu gabinete e um assessor ligado a uma de suas empresas de comunicação.

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Agora, os ministros do STF vão decidir se admitem a denúncia, transformando-os em réus e abrindo uma ação penal. A denúncia contra o senador foi mantida em sigilo porque há depoimentos de delatores que ainda não foram divulgados.

Collor nega ligação com o esquema de corrupção da Petrobras e sustenta que é alvo de perseguição do Ministério Público. O senador alega ainda que a empresa tem funcionamento normal e não se trata de empresa de fachada.