Criada por governistas como contraponto à CPI dos Correios, a CPI do Mensalão deve ser extinta a partir da meia-noite de quarta-feira sem sequer ter votado o relatório final. O prazo regimental acaba no dia 16 de novembro e o requerimento que prorroga os trabalhos por mais 120 dias, de autoria do senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA), tem 30 assinaturas de senadores, mas apenas 15 de deputados.
A oposição tentará coletar assinaturas na quarta, mas admite que é dificil chegar aos 171 necessários. O relator, deputado Ibrahim Abi Ackel (PP-MG), está ciente da dificuldade da prorrogação e tentará apresentar o relatório nesta quarta.
- Não será o relatório detalhado que eu pretendia fazer, mas será um substancial, das coisas que apuramos até agora. Nunca houve problemas com a prorrogação de CPIs até essa disputa entre governo e oposição na prorrogação da CPI dos Correios - disse Abi-Ackel.
O governo, por seu lado, não fez qualquer esforço para a prorrogação. O deputado Odair Cunha (PT-MG), integrante da CPI do Mensalão, aceita a continuidade por 30 dias.
- Mais 30 dias para o relator apresentar o relatório e votarmos, acho razoável. Mas não há necessidade de 120 dias. A oposição não quer a conclusão dos trabalhos, quer um palanque eleitoral - diz Odair Cunha.
O deputado José Rocha (PFL-BA) conta que recebeu na última quinta-feira um pedido do presidente da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO), para coletar assinaturas. As atenções, no entanto, estavam voltadas à prorrogação da CPI dos Correios.
- Tenho 15 assinaturas, todas do PFL. Ficamos de coletar na quarta-feira, mas é difícil. O governo não tem interesse e já demonstrou isso com a CPI dos Correios - disse Rocha.
O governo ainda tentará, nesta quarta-feira, barrar a prorrogação da CPI dos Correios. O deputado Carlos William (PMDB-MG) irá apresentar um recurso à Mesa do Congresso alegando que sua vontade não foi respeitada.
- A minha vontade final era de retirar e a esperteza ou estratégia da oposição, de guardar meu primeiro requerimento e apresentá-lo no minuto final, não pode prevalecer acima do bom senso. Não tem sentido eu retirar o nome de algo que ainda não tinha assinado. A cronologia tem que ser dos fatos e não do protocolo - afirma o peemedebista.
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