Curitiba – Hoje no Brasil, apenas 9,43% das 13 milhões de crianças com idade entre 0 e 3 anos de idade estão na creche, metade em escolas públicas e metade nas particulares. O Paraná empata com a média nacional, pondo na creche só 9,67% das suas 700 mil crianças dessa faixa etária. No ranking dos estados, ocupa o décimo primeiro lugar. O desempenho do Brasil melhora quando se trata da inclusão na pré-escola, mas o Paraná despenca para o vergonhoso vigésimo lugar. Enquanto o país como um todo mantém em sala de aula 61,36% de sua população de 4 a 6 anos, o estado mal atende à metade desse público. Dos 560 mil paranaenses dessa faixa etária, só 53,25% estão na escola.

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Esse retrato do ensino básico está na pesquisa Educação da Primeira Infância, lançada ontem, no Rio de Janeiro, pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O trabalho, coordenado pelo economista Marcelo Neri, processou os microdados dos últimos Censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e, além do quadro atual, analisou ainda o perfil de adultos que passaram ou não por creche e pré-escola. A pesquisa conclui que crianças que freqüentaram creches de 0 a 3 anos apresentaram na idade adulta renda mais alta e menos chances de prisão, de gravidez precoce e de depender de programas de transferência de renda do estado no futuro.

Dos 10 municípios brasileiros com maior taxa de freqüência em creches, três são do Paraná, outros três de São Paulo e quatro do Nordeste. Os três paranaenses ficam na Região Norte. São, pela ordem, Munhoz de Melo (5.º lugar nacional), Ângulo (8.º) e Lobato (10.º), com índices de 48%, 43% e 42,5% de inclusão de crianças na creche, respectivamente. Nessa região também fica a cidade do Paraná mais bem colocada no ranking pré-escolar do país, em décimo sétimo lugar. É a vizinha Flórida, que mantém 95% das crianças de 0 a 6 anos na escola. O curioso é que todas as crianças – ou no mínimo a maioria – estão em estabelecimentos públicos. Não só essa característica diferencia as cidades pequenas dos grandes centros urbanos.

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A pesquisa da FGV revela que elas dispõem de um maior porcentual per capita de vagas em creches, embora em grande parte delas não exista escola particular. Na educação da primeira infância, as cidades pequenas dão um banho nas capitais. Não há uma só capital brasileira que tenha números elogiáveis. O "melhor" resultado é o de Vitória (ES), onde apenas três entre dez crianças de 0 a 3 anos já passaram por uma creche, e o pior é de Rio Branco (AC), onde 96,7% delas nunca freqüentaram um ambiente desses. Em Curitiba, 81,14% das crianças nessa faixa etária – ou oito entre 10 – também nunca estiveram em uma creche.

Na dicotomia públicas e privadas, estas levam vantagem em Curitiba. Ficam com 10,77% do público infantil, contra 7,61% das públicas. Os 0,48% da diferença são de crianças que em algum momento já freqüentaram uma creche. Outras 22 capitais estão em situação ainda pior do que a de Curitiba. E essa precariedade estende-se ao ensino pré-escolar, embora traduzida em números menos preocupantes. A capital paranaense está em nono lugar entre as capitais cujas crianças com idade entre 4 e 6 anos nunca freqüentaram a pré-escola, com taxa de 36,37%. Vitória e Rio Branco repetem sua posição no ranking, com 12,49% de excluídos na primeira da tabela e 50,58% na última.

Nessa fase do ensino infantil, Curitiba inverte a participação do seu público distribuído entre escolas públicas e privadas, com 31,05% para as primeiras e 25,76% para as particulares. Mas, se por um lado o Paraná tem cidades com bom desempenho na oferta de vagas em creches e pré-escolas, por outro também tem outras em situação oposta. Doutor Ulisses, na região metropolitana de Curitiba, está em penúltimo lugar no ranking nacional, com apenas 9,75% das crianças na pré-escola. Ariranha do Ivaí, Cândido de Abreu e Tunas do Paraná também estão entre as últimas 30 na tabela da pesquisa da Fundação Getúlio Vargas.