"Não podemos permitir que o PSDB seja uma filial de outro partido."
Do deputado Valdir Rossoni, presidente estadual do PSDB, recomendando aos parlamentares do seu partido que se alinhem com a oposição e não votem como o PMDB.
O governador Roberto Requião esteve ontem na Sanepar e conversou longamente com a diretoria e com o presidente do Conselho de Administração da empresa, Pedro Henrique Xavier.
Muito embora nenhum dos presentes conseguisse (antes e depois) disfarçar a tensão nervosa, a assessoria de imprensa mandou avisar que foi apenas uma "visita de cortesia" destas que Requião quer tornar rotina em seu governo. A última foi à Secretaria do Trabalho, onde coletou preciosas informações sobre irregularidades cometidas pelo secretário anterior, o padre Roque.
Requião chegou à Sanepar acolitado pela procuradora-geral do estado e assessores e trancou-se na sala da diretoria. Volta e meia alguém entrava e saía com pastas contendo documentos. Não se sabe exatamente que explicações ouviu do presidente da empresa, Stênio Jacob, sobre desvios ocorridos sob sua administração. Sabe-se, por outro lado, que Requião, utilizando-se do seu conhecido estilo de linguagem, distribuiu reprimendas gerais. Deteve-se sobretudo em demonstrar sua insatisfação com o vazamento de informações constrangedoras para a imprensa, chegando a culpar veladamente um dos diretores no que, aliás, cometeu uma injustiça.
Sabe-se também que o governador demonstrou não ter perdido a esperança na recuperação moral e administrativa de seu governo e até aproveitou para elogiar a competência da equipe e para dizer, parafraseando Roberto Carlos, que daqui pra frente tudo será diferente.
Pode até ser, mas nada vazou de concreto quanto às recomendações que o governador teria dado para que sejam identificados por completo os responsáveis pelo festim que tem levado a Sanepar a perder, com aditivos e reajustes, milhões de reais em quase todas as obras que executa. E, principalmente, que medidas quer ver tomadas para limpar a área.
Mais prazo para investigar
Antes da visita de Requião à Sanepar, o Conselho de Administração esteve reunido. O principal assunto da pauta, no entanto, não foi cumprido: tratava-se da apresentação do relatório das investigações determinadas pelo ex-presidente do CAD, Sérgio Botto, para apurar desmandos na gestão do Paranasan o programa que financia, com empréstimo japonês, obras de saneamento no litoral do estado. A comissão de sindicância, subordinada ao presidente Stênio Jacob, estranhamente pediu mais dez dias (ou 30, segundo outras fontes) de prazo para concluir os trabalhos.
Importante resultado também desta reunião do CAD foi a derrota sofrida pelo seu presidente, conselheiro Pedro Henrique Xavier. Ele propôs a extinção da comissão externa independente de fiscalização do Paranasan e sua substituição por um grupo formado por funcionários da própria empresa. Na prática, seria equivalente à Sanepar fiscalizar a própria Sanepar.
A comissão externa que PHX quis destituir foi contratada por exigência do órgão financiador nipônico. Durante quatro anos, ela produziu inúmeros relatórios apontando as perigosas distorções que ocorreram na gestão do Paranasan; suas observações, porém, não eram levadas em consideração.
Olho vivo
Só obrigação O Palácio Iguaçu apresentou como grande novidade a iniciativa de criar o Sistema de Controle Interno do Poder Executivo organismo destinado a acompanhar a execução do plano de governo e a coibir a corrupção no governo. A proposta de Requião, já encaminhada à Assembléia, na verdade apenas cumpre o que determinam a Constituição Federal e a Lei de Responsabilidade Fiscal. O Paraná é um dos últimos estados a instituir o controle interno.
Despachantes 1 A Associação dos Notários e Registradores (Anoreg entidade que representa os cartorários) assumiu ser dela o pedido para que as assinaturas nos recibos de transferência na compra-e-venda de veículos sejam autenticadas nos cartórios com a presença dos vendedores. A medida foi aceita pela Corregedoria da Justiça do Paraná e já está em vigor.
Despachantes 2 A Anoreg não concorda com o argumento dos despachantes do Detran, segundo o qual a exigência só serve para dificultar os negócios, não produzindo o alegado efeito de evitar fraudes. Em nota assinada pelo seu vice-presidente, Alvaro Quadros, a Anoreg contesta: a medida é um marco na moralização das transferências de veículos, que só pode ser assegurada com a autenticação das assinaturas e na presença do proprietário vendedor.
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