Delegados do PT votam as diretrizes para o plano de governo de Dilma: propostas à esquerda podem afastar potenciais aliados de centro| Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

Aliança eleitoral

Partido prioriza aliados da ala "progressista"

O Congresso do PT não inclui em suas diretrizes a possível coligação do PT com o PMDB na eleição presidencial e a participação de peemedebistas em um futuro governo petista caso a ministra Dilma Rousseff vença a disputa de outubro. O deputado José Genoíno (PT-SP) apresentou emenda que pedia a inclusão, no texto, da aliança prioritária com o PMDB. Mas a emenda acabou derrubada. O texto original também não cita a aliança com partidos de centro, como o PMDB. Mas menciona a necessidade de o PT "fortalecer um bloco de esquerda e progressista, amparado nos movimentos sociais". Apesar disso, a cúpula do PT saiu ontem em defesa da união formal com o PMDB. O presidente nacional do partido, José Eduardo Dutra, disse que os petistas estão dispostos a "casar" com o PMDB, mesmo sem mencionar explicitamente a aliança nas diretrizes de governo.

Folhapress

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Confira o que o Congresso do PT aprovou e rejeitou ontem
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Embora tenha adotado o discurso de rumar para o centro a fim de garantir a adesão de mais partidos à campanha presidencial da ministra Dilma Rousseff, na prática o PT ontem deu uma forte guinada à esquerda. Durante o 4.º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores, que termina hoje, em Brasília, os delegados petistas aprovaram uma série de propostas tradicionais da esquerda – a serem implantadas caso o PT ganhe a eleição. Dentre elas está a redução da jornada de trabalho, o apoio incondicional ao polêmico Plano Nacional de Direitos Humanos, um maior controle dos veículos de comunicação e medidas para facilitar a desapropriação de terras.Dilma Rousseff não comentou ontem as resoluções aprovadas pelos delegados do partido, que podem vir a dificultar a formação de alianças. Mas, na prática, as determinações do partido nem sempre são seguidas. Em 2002, por exemplo, o então candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva emitiu a Carta aos Bra­­­­sileiros – documento em que rom­­pia com antigas teses do partido para assegurar a estabilidade econômica do país. Com a carta, Lula conquistou a confiança do empresariado.Empresários X SindicatosO Congresso petista aprovou a inclusão nas diretrizes para um futuro governo de Dilma a defesa da redução da jornada semanal das atuais 44 horas para 40 horas semanais – o que opõe empresários e sindicalistas.

A discussão sobre a redução da jornada já está na Câmara dos Deputados. As centrais sindicais pressionam o presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP), para colocar a proposta de emenda constitucional com a mudança em pauta. Sem consenso, Temer – indicado para vice de Dilma – chegou a propor uma redação alternativa com redução de jornada de 44 horas para 42 horas semanais. Ainda não há acordo para a votação do texto.

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Ao mesmo tempo em que a in­­­clusão do tema aproxima Dilma dos movimentos sindicais, a redução de jornada pode prejudicar o diálogo do PT com a classe empresarial, que resiste à mudança.

Os petistas também incluíram, nas diretrizes de um futuro governo, a defesa da reforma tributária com ênfase na taxação sobre grandes fortunas – outro assunto que desagrada o setor empresarial.

Os petistas também aprovaram o apoio do partido ao Programa de Direitos Humanos. Depois da polêmica em torno do programa, os delegados do PT entenderam que o partido deve manifestar "apoio incondicional ao programa" por considerar que ele é "fruto de intenso processo de participação social".

O plano, lançado em dezembro, desagradou amplos setores da sociedade. Os militares criticaram a investigação e possível punição de crimes praticados durante a di­­­ta­­­dura (1964-1985). A Igreja Ca­­­­tólica condenou o apoio governamental à legalização do aborto e do casamento gay – além do item que prevê a proibição da ostentação de símbolos re­­­­­ligiosos em espaços públicos. A im­­­­prensa reagiu contra as propostas de controle da mídia – tema que voltou a ser proposto ontem pelo Congresso do PT.