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Nova denúncia: ministro Fernando Bezerra comprou duas vezes, como prefeito de Petrolina, o mesmo terreno de um empresário | Pedro Ladeira/AFP
Nova denúncia: ministro Fernando Bezerra comprou duas vezes, como prefeito de Petrolina, o mesmo terreno de um empresário| Foto: Pedro Ladeira/AFP

Região Sul

Governo vai lançar medidas contra a seca

Ao mesmo tempo em que anunciava ações contra os efeitos das chuvas (leia reportagem abaixo), o governo federal informou ontem que ainda nesta semana irá divulgar medidas para enfrentar a seca na Região Sul. O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, apresentará o plano de ação hoje para a presidente Dilma Rousseff e deve divulgar as medidas voltadas aos pequenos produtores rurais até a sexta-feira.

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, ressaltou, entretanto, que há previsão de chuvas para a região no final da semana. Ainda assim, Bezerra relatou que se reuniu com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, e com o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, para discutir medidas de socorro aos pequenos agricultores da Região Sul.

Agência Estado

Envolvido a cada dia em uma nova denúncia de favorecimento de aliados e parentes ou de mau uso do dinheiro público, o ministro da Integração Nacional, Fer­­­nando Bezerra (PSB), saiu ontem prestigiado da reunião com a presidente Dilma Rousseff. A presidente teria decidido manter e proteger o ministro para não comprar briga com o PSB e com o presidente nacional da legenda, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), padrinho político do ministro. Campos vem sendo assediado por legendas de oposição a Dilma para compor uma chapa presidencial em 2014.

"Se eu não contasse com a confiança e apoio dela [Dilma], não estaria aqui", disse o ministro aos jornalistas, após sair da reunião que discutiu um plano de emergência para combater os efeitos das chuvas que atingem o Su­­­deste. "Estou tranquilo porque nenhuma dessas denúncias irá prosperar. Nunca prosperou uma denúncia em relação à minha pessoa e nunca tive uma conta rejeitada. O Tribunal de Contas aprovou todas as minhas contas."

Ontem, Bezerra foi acusado, em reportagem do jornal Folha de S.Paulo, de usar recursos públicos na compra de um mesmo terreno duas vezes, na época em que era prefeito da Petrolina (PE). A primeira compra ocorreu em 1996, durante a primeira gestão de Bezerra; a segunda, em 2001, no segundo mandato. Nas duas ocasiões, o dinheiro teria beneficiado o empresário José Brandão Ramos. O ministro, disse, em nota, que foi "induzido a erro" ao comprar duas vezes o mesmo terreno.

Bezerra já havia sido acusado de ter destinado 90% das verbas do ministério para obras contra desastres naturais em seu estado, Pernambuco; de favorecer seu filho, o deputado federal Fernando Coelho (PSB-PE), na liberação de emendas do ministério; e de nepotismo, ao manter o irmão, Cle­­­mentino Coelho, na presidência da Codevasf, estatal ligada à Integração Nacional. Bezerra nega que tenha cometido irregularidades ao praticar esses atos.

Dilma orientou o ministro a dar explicações públicas sobre as denúncias e acionou aliados para que saiam em sua defesa. Na quinta-feira, Bezerra prestará esclarecimentos a uma comissão do Congresso.

Eleição

Bezerra tem tido seu nome sondado para concorrer à prefeitura de Recife em outubro ou ao governo de Pernambuco, em 2014. Questionado ontem se ainda pretendia concorrer em outubro à prefeitura, Bezerra desconversou. "Eu te respondo isso na quarta-feira", disse.

Na prática, porém, a pré-candidatura de Bezerra não passa de uma estratégia de Eduardo Cam­­pos para forçar o PT a se entender na capital pernambucana, compondo com o partido. Dilma inclusive só teria tomado a decisão de manter e proteger o ministro após ter tido a certeza de que o ministro não será candidato. Caso fosse candidato, teria de sair na reforma ministerial, que será realizada neste início de ano.

Planalto anuncia ações contra desastres

Criticado pela demora em tomar medidas para combater os danos causados pelas enchentes e deslizamentos no Sudeste, o governo anunciou ontem a criação da Força Nacional de Apoio Técnico e Emerg­­­ência, composta por 35 geólogos e 30 hidrólogos para trabalhar em ação complementar ao Centro Nacional de Monitora­mento e Alertas de Desastres Natu­­­rais (Cemaden).

A presidente Dilma Rousseff também determinou, durante reunião com cinco ministros e técnicos da área, que esses centros continuem atuando nas áreas de risco até março e não apenas du­­­­rante o período mais crítico das chuvas. Dilma autorizou, ainda, a liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para que os atingidos pelas chuvas possam reconstruir suas casas. Não houve detalhes sobre o quanto poderá ser utilizado.

Apenas um em cada cinco municípios com risco elevado de desastres naturais é supervisionado pelo Cemaden, órgão subordinado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. De 251 cidades, 56 contam com a análise e mapeamento dos possíveis riscos para as populações locais.

Dinheiro

De acordo com o ministro da Inte­­­gração Nacional, Fernando Bezer­­­ra, as liberações de dinheiro serão avaliadas caso a caso. Os ministros não informaram também quanta verba o governo federal irá disponibilizar para a reconstrução das cidades atingidas no Rio de Janeiro, Minas Gerais e no Espírito Santo. Be­­­zerra disse, genericamente, que uma medida provisória de dezembro do ano passado disponibilizou um crédito de R$ 444 milhões para a Defesa Civil Nacional e que os pedidos dos municípios começam a ser formalizados.

Já a ministra da Casa Civil, Glei­­­­si Hoffmann, rebateu ontem as críticas à lentidão do governo e disse que as ações de prevenção às enchentes começaram há mais de quatro meses. Gleisi refutou questionamento dos jornalistas de que, mais uma vez, o governo tenha se atrasado com as ações de prevenção às enchentes e desastres naturais na temporada de chuvas de verão. "Os ministérios da Integra­­­ção Nacional e Ciência e Tecnologia estão trabalhando de forma integrada e há uma mobilização forte do governo. Talvez seja uma das vezes em que estamos trabalhando de forma mais integrada para dar resposta à população. Evitar mortes é prioridade número um", ressaltou a ministra.

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