Se o Supremo Tribunal Federal mandar o caso de Eduardo Azeredo (PSDB) para a primeira instância, o senador Clésio Andrade (PMDB-MG), pré-candidato ao governo de Minas, passará a ser o único réu do mensalão mineiro cujo caso poderá ser analisado diretamente pela Corte.
A ação penal contra Clésio - ex-vice-governador no primeiro mandato de Aécio Neves (PSDB) no Estado - tramita separadamente da de Azeredo. Ela ainda está na etapa de oitivas e dificilmente será julgada até as eleições de outubro. Por enquanto, a defesa de Clésio não trabalha com a hipótese de que ele renuncie para retardar o processo, o que abriria a possibilidade de mais instâncias de recursos.
O senador foi acusado pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro na denúncia que apontou desvio de R$ 3,5 milhões de estatais mineiras para a campanha à reeleição de Azeredo, então governador de Minas, em 1998. Ele era o candidato a vice na chapa de Azeredo.
Mesmo assim, Clésio se diz disposto a enfrentar a batalha interna na convenção do PMDB mineiro em junho para garantir sua indicação como candidato a governador. A sigla está dividida no Estado entre dois grupos.
Um deles, capitaneado pelo ministro da Agricultura, Antonio Andrade, defende uma aliança com o PT em torno da candidatura do ex-ministro Fernando Pimentel ao governo. O outro, liderado pelo ex-ministro Hélio Costa e pelo ex-governador Newton Cardoso, advoga a tese de lançar a candidatura de Clésio. De acordo com aliados do senador, ele contaria com dois terços dos delegados do diretório ao seu lado.
Para dar uma demonstração de força política, o réu do mensalão mineiro está articulando dois grandes encontros com prefeitos mineiros do PMDB nos dias 12 e 14 de março. A ideia é que durante os eventos seja feito o lançamento oficioso de sua candidatura, fato que preocupa o PT. "A princípio, ele está lançado como pré-candidato a governador", afirma o senador Valdir Raupp, presidente nacional do PMDB.
Apesar da declaração, a cúpula peemedebista só espera que o PT declare apoio aos candidatos do partido em Goiás e no Ceará para entrar em cena em Minas e forçar uma aliança com Pimentel. "Eu não acredito em pressão que venha de fora", rebateu Clésio em entrevista recente ao jornal O Estado de S. Paulo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.