Renan (ao fundo, na ponta da mesa) na reunião com a bancada do PMDB: tratado como “líder nato” pela cúpula do partido| Foto: José Cruz/ABr

Alvaro vota em Taques, Souza em Renan e Requião não se pronuncia

Dos três senadores paranaenses, Sérgio Souza (PMDB) declarou voto em Renan Calheiros (AL), enquanto Alvaro Dias (PSDB) está com Pedro Taques (PDT-MT) na disputa pela presidência do Senado.

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Reforma administrativa

No último dia de gestão, Sarney aprova plano para cortar R$ 83 milhões

Agência Estado

A Mesa Diretora do Senado aprovou ontem um projeto de reforma administrativa que prevê uma economia anual de R$ 83 milhões. A decisão foi tomada no último dia da gestão de José Sarney (PMDB-AP) na presidência da Casa. A proposta, que teve o senador Ciro Nogueira (PP-PI) como relator, prevê uma redução de funções comissionadas (de livre nomeação), de contratos de funcionários terceirizados e a fusão de órgãos do Senado. No primeiro semestre do ano passado, o Senado chegou a discutir, mas não aprovou, uma reforma que previa uma redução de R$ 185 milhões na despesa anual. O orçamento da Casa é superior a R$ 3 bilhões.

Uma modificação, que atende a uma antiga reivindicação dos parlamentares, é permitir que funcionários comissionados se tornem chefes de gabinetes dos senadores – atualmente a função é reservada para servidores efetivos. A previsão é cortar 30% dos contratos de mão de obra. Não houve mudanças, contudo, no número de cargos efetivos que os senadores podem ter nos gabinetes, continuando com a reserva de no mínimo sete para cada um. Ciro Nogueira também propôs limitar a 54 a quantidade de funcionários comissionados que cada senador pode ter no gabinete. Atualmente, os senadores dispõem de no mínimo 20 cargos (mas pode chegar a até 80 cargos).

Melhoria da imagem

Nogueira negou que a proposta tenha por objetivo melhorar a imagem da gestão de José Sarney, alvo em 2009 de processos de quebra de decoro sob acusação de envolvimento no escândalo dos atos secretos. Caberá ao futuro presidente da Casa – provavelmente Renan Calheiros (PMDB-AL) – implantar os cortes de gastos.

Reunião em que Randolfe (esq. à frente) desistiu da candidatura em favor de Taques (esq. ao fundo): união independente

Alvo de uma série de denún­cias de corrupção, o líder do PMDB do Senado, Renan Ca­lheiros (AL), deve ser eleito hoje presidente da Casa. Contando com o apoio da base da presidente Dilma Rousseff, Renan irá enfrentar Pedro Taques (PDT-MT), lançado pelos senadores indepententes mais para marcar posição contra a eleição do peemedebista do que como um nome com real chance de vitória.

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Ontem, Renan foi oficiali­za­do como candidato do PMDB, o maior partido do Se­­na­­do. Ele recebeu o apoio de todos os 19 senadores da legenda presentes em uma reunião da bancada. Foi uma demonstração de união em torno do peemedebista.

Senadores do PT, segundo maior partido da Casa, não deram demonstrações públicas de apoio a Renan. Porém, coube ao ex-ministro José Dirceu, ainda influente na cúpula petista, expressar de que lado o partido está. Em seu blog, Dir­ceu defendeu Renan contra a "ofensiva midiática". Para o ex-ministro, o peemedebista é alvo de um "falso moralismo".

Agenda positiva

Logo após a reunião da ban­­­cada do PMDB no Senado, Renan não apareceu para falar com a imprensa. Foi o senador e presidente do PMDB, Valdir Raupp (RO), quem anunciou a indicação. "A candidatura não pertence até este presente momento ao senador Renan e sim ao partido. Pertence à bancada e ao partido", justificou Raupp.

O presidente do PMDB buscou desviar o foco sobre as denúncias que envolvem Renan anunciando uma "agenda positiva" para o Senado. Raupp disse que Renan, nos dois anos em que vai comandar o Senado, irá colocar em votação projetos de lei que mudam o pacto federativo – uma antiga reivindicação de prefeitos e governadores. Num sinal claro de combinação com o atual presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), Raupp disse ainda que Renan irá reduzir os gastos da Casa – projeto apresentado ontem pela atual Mesa Diretora.

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Raupp negou ainda que a indicação de Renan cause constrangimento para o partido. Na semana passada, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, denunciou o candidato peemedebista por ter usado notas frias para justificar os pagamentos da pensão da filha que teve fora do casamento. Na ocasião, Renan era acusado de ter essa despesa paga por um lobista. O caso levou Renan a renunciar à presidência do Senado em 2007.

"Em absoluto [há constrangimento]. O senador Renan não tem julgamento, nenhuma condenação. É um líder nato, construiu dentro da bancada e fora dela [o apoio à candidatura]. Portanto, deve ser eleito na manhã de sexta-feira para a presidência do Senado", afirmou Raupp.

Porém, o líder do PSDB no Senado, o paranaense Alvaro Dias, disse acreditar que há chance de o cenário de instabilidade política de 2007 se repetir com Renan na presidência da Casa. "Será uma agonia que não vai terminar cedo."

Resistência cresce, mas ainda é fraca para impedir vitória

Na véspera da eleição para a presidência do Senado, aumentou a resistência contra a eleição de Renan Calheiros (PMDB-AL) para a presidência do Senado. Mas ainda assim, os insatisfeitos com o peemedebista não devem ter força para barrar o peemedebista, o candidato da base da presidente Dilma Rousseff.

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Ontem, a bancada do PSDB no Senado anunciou que vai apoiar o senador Pedro Taques (PDT-MT) para a disputa da pre­­sidência da Casa. Após uma reunião de pouco mais de uma hora, o partido, como era esperado, rejeitou o apoio de uma candidatura do PMDB e, assim, abriu mão de indicar um nome para compor a Mesa Diretora que possivelmente será comandada por Renan.

"Facilitaria se o PMDB colocasse um candidato que tivesse o apoio de todo mundo", disse Aécio Neves (PSDB-MG). "O Senado precisa respirar e o senador Renan não é nome que representa esse sentimento de independência e renovação. Não é nada pessoal, mas acima de tudo está a instituição."

Na quarta-feira, o PSB já havia pressionado o PMDB a mudar de candidato, ameaçando votar em outro nome. Com isso, Taques ganhou mais força – inclusive porque ontem o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP), do grupo dos independentes, retirou sua candidatura em prol do pedetista. Outro que declarou apoio a Taques foi o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN).

Apesar desses apoios, a vitória da Taques é muito improvável. O senador paranaense Al­varo Dias (PSDB) prevê que o pedetista conseguirá de 22 a 23 votos. Do outro lado, Renan terá pelo menos 50 votos, bem acima dos 41 necessários (o Senado tem 81 parlamentares). "É o que temos, mas pode ser que os números mudem porque a votação é secreta", disse Alvaro.