Investigado pela Polícia Federal por suspeita de lavagem de dinheiro, o colaborador da campanha do PT em Minas Marcier Trombiere se diz vítima de uma "guerra política". Ele afirma que estava de carona no avião monitorado pela polícia e que carregava cerca de R$ 6.000 sacados de sua própria conta bancária para eventuais despesas médicas.
Ligados ao PT, Trombiere e o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, Bené, foram flagrados na noite desta terça-feira (7) ao descer de um avião em Brasília, no qual a polícia reteve ao menos R$ 116 mil em dinheiro vivo.
O inquérito foi aberto após eles, um terceiro passageiro, piloto e copiloto do avião serem levados para prestar esclarecimentos na superintendência da PF em Brasília.
A polícia esperou o bimotor turbo-hélice King Air C90A de prefixo PR-PEG, vindo de Belo Horizonte, no aeroporto de Brasília depois de ter recebido várias denúncias anônimas sobre o transporte irregular de valores.
Trombiere afirma que voou de carona, a convite de Bené. "Terminada a campanha, quando já estava me preparando para tomar o voo Gol, fui, por telefone, convidado por meu amigo, o empresário Benedito Rodrigues para uma carona em seu voo", explicou. Ele prestou serviços de comunicação para a campanha de Fernando Pimentel (PT), eleito governador de Minas no domingo (5).
O colaborador da campanha de Pimentel afirma que viajava com cerca de R$ 6.000, sendo pouco mais de R$ 1.000 na carteira e o restante na mala. O dinheiro, segundo Trombiere, foi sacado de sua conta corrente na Caixa Econômica Federal e era para se prevenir em caso de emergência médica.
"Como sofri um infarto há pouco mais de um ano e tive uma frustração de atendimento em um hospital em Brasília, desde então, carrego comigo uma quantia em dinheiro e também uma folha de cheque para eventual emergência", diz a nota assinada por ele.
A origem do dinheiro, de acordo com Trombiere, eram recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Ele afirma que se aposentou do Banco do Brasil em abril de 2014 e, em seguida, deixou o cargo que ocupava no Ministério das Cidades, pasta comandada pelo PP - partido da base aliada da presidente Dilma Rousseff.
"Não sabia e nem fui informado da existência de outros recursos em dinheiro à bordo", disse Trombiere. O bimotor pertence a empresa de Brasília, a Bridge Participações, desde 2013, conforme registro na Anac. A situação dele está regular.
Para Trombiere, a honra dele está ameaçada pela disputa política: "Agora, revestidos de uma guerra política tentam denegrir a honradez de mais de 35 anos de trabalho honrado, comprovado por todas as auditorias e pelos colegas dos lugares por onde passei. Acredito que os profissionais de verdade e pessoas de bem saberão que não se perde a consciência da ética, de uma hora para outra, depois de uma vida inteira de seriedade."
A campanha de Pimentel informou, por meio de nota, que não pode se responsabilizar pela conduta de seus fornecedores. Disse que a campanha já acabou, os serviços foram prestados e as notas fiscais comprovando os serviços serão fornecidas à Justiça Federal na prestação final de contas. A reportagem não localizou Bené.
Leia a íntegra da nota de Marcier Trombiere:
Com relação à abordagem do avião, e abalado depois de ver a notícia me envolvendo, às vezes, sem a apuração da realidade, venho a declarar.
1- Tenho uma carreira de mais 35 anos de honestidade e trabalho desde os 14 anos, como menor aprendiz do Banco do Brasil, com passagens de mais de 15 anos como gestor no serviço público.
2 - Aposentei-me do Banco do Brasil em abril de 2014 e saí do Ministério e do serviço público em seguida, sem que nenhuma pendência, seja com os órgãos de controle, seja com minha consciência, depois de trabalho gratificado de entrega para a sociedade, sem qualquer minúscula mácula na minha honra.
3 - Terminada a campanha, quando já estava me preparando para tomar o voo Gol, fui, por telefone, convidado por meu amigo, o empresário Benedito Rodrigues para uma carona em seu voo.
4- Como sofri um infarto há pouco mais de um ano e tive uma frustração de atendimento em um hospital em Brasília, desde então, carrego comigo uma quantia em dinheiro e também uma folha de cheque para eventual emergência.
5 - Desse modo, tinha comigo, no momento da abordagem, pouco mais de um mil reais na carteira e 5 mil na bolsa na parte exterior da mala sacados da minha conta na Caixa Econômica Federal, de recursos do meu FGTS, pagos por ocasião da minha aposentadoria.
6- Não sabia e nem fui informado da existência de outros recursos em dinheiro à bordo.
7- Tampouco deixei de prestar esses esclarecimentos à Polícia Federal, no ato.
8- Vivo da minha aposentadoria e dos recursos indenizatórios trabalhistas do BB e vivo a experiência, como aposentado, de poder fazer o trabalho que eu quiser, inclusive esse primeiro trabalho em campanha política, sem nunca imaginar que o dinheiro (R$ 5.000) que carrego em garantia da minha saúde possa ser considerado suspeito.
9- Nessa trajetória toda, jamais fui filiado a algum partido político.
Agora, revestidos de uma guerra política tentam denegrir a honradez de mais de 35 anos de trabalho honrado, comprovado por todas as auditorias e pelos colegas dos lugares por onde passei.Acredito que os profissionais de verdade e pessoas de bem saberão que não se perde a consciência da ética, de uma hora para outra, depois de uma vida inteira de seriedade.Obrigado | Marcier Trombiere Moreira
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