A ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, acredita que o fato de a nova ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, ser favorável ao Código Florestal, aprovado pela Câmara dos Deputados, não deve ser preocupante para os ambientalistas. "Ela é a ministra-chefe da Casa Civil, mas quem decide é a presidente Dilma", disse Marina, após participar do Seminário Gestão da Inovação para Sustentabilidade, promovido nesta quinta, em São Paulo.

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Marina disse que confia no compromisso assumido pela presidente Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral e recentemente perante os ex-ministros do Meio Ambiente que se reuniram com ela. Na ocasião, Dilma garantiu que vetaria qualquer projeto que promovesse desmatamento ou anistiasse desmatadores. "A presidente reiterou esse compromisso e é isso que vai prevalecer para a discussão no Senado", afirmou. Durante sua passagem pelo Senado, a nova ministra da Casa Civil defendeu o texto do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e alegou que o projeto tinha a aceitação dos produtores rurais do Paraná, seu Estado.

A ex-ministra relacionou a perspectiva de aprovação do novo código com o aumento do desmatamento no País, com destaque para o Mato Grosso, onde se verificou um crescimento de 450% na devastação florestal. "E a situação está fora de controle no sul do Amazonas e em Rondônia. O projeto promove, sim, anistia a desmatadores", reforçou. Marina também mencionou as mortes ocorridas recentemente no Pará e a dificuldade do governo em controlar os conflitos no campo. "Hoje temos pessoas simples dando suas vidas para proteger o que a lei protegia", disse.Derrota

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Para Marina, os ambientalistas perderam na Câmara dos Deputados "por pontos e não por nocaute". Segundo a ex-senadora, agora é preciso envolvimento das entidades e da sociedade civil para reverter o resultado no Senado. "Ao invés de fazermos uma campanha para a presidente vetar, podemos fazer uma festa para ela sancionar".

A ex-senadora criticou ainda a tentativa de aprovação no Congresso de uma nova regulamentação para processos de licenciamento ambiental e fiscalização. O projeto de lei complementar que regulamenta o artigo 23 da Constituição pode tirar poderes do Ibama, afirma a senadora. "Fizeram uma emenda retirando as competências do Ibama para fiscalizar o desmatamento e passando para Estados e municípios. O desmatamento, que está fora de controle, se ficar nas mãos de prefeitos e governadores, não sabemos onde vai parar. Se com o trabalho do Ibama e da Polícia Federal está difícil, imaginem como será", concluiu.

Questionada pela plateia se estaria disposta a se aliar aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso em prol de uma política florestal para o País, Marina disse que os ex-presidentes continuam tendo um papel importante quando deixam o Planalto e voltam para casa. "Quando vão para casa mesmo", brincou, ao se referir indiretamente à intensa vida política de Lula fora da Presidência. "Podemos fazer alianças pontuais", admitiu.