Em 1983, Curitiba tinha pouco mais de 1 milhão de habitantes. O mundo começava a conhecer uma cantora chamada Madonna, e Curitiba ouvia o punk do Beijo AA Força. Umberto Eco vendia aos quilos seu O Nome da Rosa enquanto Paulo Leminski recebia os louros por Caprichos e Relaxos. Os points da cidade eram o recém-inaugurado Shopping Itália, os vários cinemas de rua como Astor, Condor e Lido a Avenida Batel, onde jovens solteiros paqueravam, e as boates Mustache, Angels Flight e 700. Foi nesse ano também que o governador, de sobrenome Richa, indicou para a prefeitura um certo Fruet.
Trinta anos depois, a história das duas famílias se repete. O filho de Maurício Fruet, Gustavo, é eleito prefeito de Curitiba pelo PDT, enquanto o filho de José Richa, Beto, comanda o governo do estado pelo PSDB. Apesar da coincidência, para o cientista político Ricardo Costa de Oliveira, da UFPR, os períodos representam ciclos diferentes.
"A gestão de Maurício foi a primeira da redemocratização. Havia grande expectativa pela democracia, e temas como inclusão e cidadania eram muito importantes", afirma.
Problemas
De 1983 a 1985, Maurício Fruet foi o último prefeito biônico da cidade, como eram chamados os gestores indicados pelos governos federal e estadual e foi responsável por fazer a primeira auditoria no transporte público. Gustavo não descartou a possibilidade de fazer também ele uma auditoria, e enfrenta a possível falta de subsídios do governo do estado para a rede de transportes.
Outro problema na época de Maurício era a crise econômica que causava superinflação e constante falta de suprimentos. Por essa razão, o cientista político explica que o ex-prefeito criou a Secretaria de Abastecimento. "Os sacolões ajudaram a combater a fome e evidenciaram questões sociais pouco discutidas".
A inclusão promovida por Maurício Fruet passou não apenas pelas classes sociais mais baixas, mas também pela nova periferia, resultado de uma explosão populacional. "É uma nova Curitiba, com imigrantes de toda parte do Brasil. A expectativa de vida aumentou e há uma dependência maior do sistema de saúde. Ao mesmo tempo há o problema da falta de creches, além de favelização", acrescenta Oliveira.
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