Comando do legislativo
Peemedebista indicado à Presidência é da ala dos insatisfeitos com Dilma
Na semana que passou, o deputado Eduardo Cunha (RJ) foi indicado pelo PMDB como nome provável do partido para disputar a presidência da Mesa Diretora da Câmara. O parlamentar carioca é economista e assumiu a liderança do partido em fevereiro. Aos 56 anos, foi reeleito no início de outubro para o quarto mandato consecutivo na Câmara dos Deputados. Como líder do PMDB na Casa, adotou uma postura mais independente em relação à base governista e afirmou, diversas vezes, que o partido teria de "repensar" o apoio ao PT. Cunha deixou clara a insatisfação do grupo com o governo Dilma e até admitiu que haveria uma tendência favorável à Aécio Neves (PSDB) entre os deputados do partido.
O que é a Mesa Diretora?
A Mesa Diretora, composta por deputados eleitos, é responsável por comandar os trabalhos legislativos e a administração da Câmara. É formada por um presidente, dois vice-presidentes e quatro secretários. O mandato é de dois anos. Por tradição, cabe à maior bancada indicar o candidato à presidência. O Regimento Interno da Câmara determina que a composição da Mesa siga, tanto quanto possível, critérios de proporcionalidade entre os partidos e bancadas. Esses critérios também são válidos na escolha dos presidentes das comissões.
Nas próximas semanas, o assunto que deve dominar as conversas na Câmara dos Deputados é a escolha da Mesa Diretora da Casa a partir da próxima legislatura. Deputados reeleitos e os novatos já começaram a costurar as negociações para decidir o grupo de parlamentares que vai dirigir os trabalhos legislativos. Na última semana, parlamentares da base e da oposição fizeram reuniões para discutir os blocos partidários e a possibilidade de indicação de nomes para compor os cargos da Mesa, cuja formação se mantém por dois anos.
A bancada do PMDB já oficializou que o líder do partido na Casa desde fevereiro Eduardo Cunha (PMDB-RJ) vai encabeçar estas negociações. Cunha também já se dispôs a assumir a presidência da Câmara, que será pleiteada pelo partido. Há oito anos, o PT e o PMDB firmaram um acordo e, desde então, se revezam no cargo. Só que desta vez o partido aliado diz não abrir mão de indicar o comando.
"Por aclamação da bancada, Cunha aceitou a atribuição de buscar ocupar estes espaços. Tanto os cargos na Mesa quanto nas comissões", diz o correligionário paranaense Osmar Serraglio. Tradicionalmente, é o partido que tem a maior bancada que indica o nome para a presidência. No ano que vem, o PT manterá a liderança em número de deputados federais, mas outros partidos esperam negociar. "Ainda é muito cedo para saber se haverá embate ou consenso, mas o assunto certamente vai ocupar muito das próximas semanas", aponta o deputado.
A bancada do PT já está se reunindo informalmente para discutir a questão, mas o encontro oficial está marcado para o próximo dia 13. Para os petistas, a estratégia do PMDB, de expor a situação já nos primeiros dias depois das eleições, serve mais como estratégia para forçar a continuidade no cargo. "O PMDB sabe que pode haver negociação, mas a postura atual não contribui", reclama Assis do Couto (PT-PR).
Enio Verri (PT), que é deputado estadual e foi eleito para ocupar uma cadeira na Câmara Federal, esteve em Brasília na última semana para iniciar as negociações, mas ele considera que tudo ainda é muito incipiente. "A construção do cenário ainda levará alguns dias."
Pressão
No início da semana, a Câmara já mostrou que não vai facilitar a governabilidade. Embora os partidos de apoio à reeleição de Dilma Rousseff (PT) tenham a maior parte das cadeiras na Casa, os aliados se uniram a deputados da oposição e derrubaram o decreto presidencial que obrigava que decisões governamentais de interesse social tivessem de ser submetidas a conselhos populares.
Oposição
Os partidos de oposição também já começaram a discutir a formação dos blocos partidários e a possível indicação de um nome para concorrer à presidência. Julio Delgado (PSB-MG) é o mais cotado até agora. "Ele já se colocou à disposição, mas isto dependerá das demais negociações. Acredito que essa discussão deve ganhar mais força no final de novembro", comenta Rubens Bueno (PPS). De acordo com ele, só com a definição dos blocos partidários é que será possível viabilizar candidaturas.
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