A acareação entre o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, terminou por volta das 23h30 desta quinta-feira (5), em Curitiba. O procedimento, que durou cerca de oito horas, tinha como objetivo o esclarecimento de pontos divergentes nos depoimentos dos dois réus da operação Lava Jato, ambos colaboradores da força-tarefa.
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Leia a matéria completaDe acordo com o delegado Igor Romário de Paula, que coordena a força-tarefa da Lava Jato na PF, há pontos contraditórios nos depoimentos dos dois delatores e um deles pode estar mentindo. A acareação, segundo o delegado, serviria para que os investigadores tivessem mais convicção de quem estaria falando a verdade.
Um dos pontos que a PF pretendia esclarecer era a suposta entrega de R$ 2 milhões para o ex-ministro Antônio Palocci em 2010. O dinheiro teria abastecido a campanha de Dilma Rousseff à presidência. Em seus depoimentos em regime de colaboração premiada, Costa disse que autorizou o pagamento. O doleiro Alberto Youssef, em acareação na CPI da Petrobras, negou que tivesse participado da operação e disse que um novo delator poderia esclarecer o assunto.
Meses depois, o lobista Fernando Baiano firmou acordo de colaboração premiada e negou que tenha entregado dinheiro ao ex-ministro. Na acareação dessa quinta-feira (5) o lobista manteve o depoimento anterior, contrariando a versão de Costa, segundo o advogado do lobista, Sérgio Rieira. A PF chegou a cogitar convocar o doleiro Alberto Youssef para a acareação dessa quinta-feira (5), mas, de acordo com Rieira, isso não ocorreu.
Outras divergências
Além da entrega do dinheiro para Palocci, a PF procurou esclarecer outras contradições entre os delatores, como operações financeiras no exterior, envolvimento de políticos e ex-parlamentares, além de divergências relacionadas com as investigações envolvendo a Odebrecht e a Andrade Gutierrez.
Caso fique comprovado que um dos colaboradores mentiu ou omitiu informações em seus depoimentos, o acordo pode ser cancelado. Nesse caso, as provas produzidas ainda podem ser usadas pelos investigadores, mas o colaborador perde todos os benefícios do acordo.
Costa firmou o acordo em outubro do ano passado, quando deixou a prisão em Curitiba para cumprir prisão domiciliar no Rio de Janeiro. Atualmente, o ex-diretor cumpre pena em regime semiaberto diferenciado – precisa estar em casa em determinados horários e durante os fins de semana.
Já Baiano firmou o acordo recentemente, e deve deixar o Complexo Médico Penal, em Pinhais, onde está preso, no dia 18 de novembro. Ainda não foi confirmado se o lobista será beneficiado com o regime de prisão domiciliar ou se a prisão será substituída por outras medidas cautelares.
O advogado de Baiano, Sérgio Rieira, não quis comentar o procedimento e afirmou apenas que o lobista confirmou o que já havia dito em seus depoimentos anteriores. O advogado de Costa, João Mestieri, não foi localizado para comentar o assunto. Na PF, nenhum delegado quis comentar o resultado do procedimento.
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