O pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) seria o palestrante que abriria a Semana Municipal da Família que terá início na próxima sexta-feira (12) em Cascavel, no Oeste. O evento, no entanto, foi cancelado após as denúncias de assédio sexual e agressão contra ele feito por uma estudante de jornalismo de 22 anos.
O evento com Feliciano em Cascavel era promovido por uma livraria evangélica e aconteceria no Teatro Emir Sfair, que tem capacidade para pouco mais de 800 pessoas. A entrada era franca, mas para retirar os ingressos que começariam a ser distribuídos neste sábado (6), havia necessidade de entregar um quilo de alimento não perecível. Devido ao pouco espaço e a grande procura, um site na internet chegou a ser criado para as pessoas se inscreverem para concorrer aos ingressos.
O pastor Alaor Caciano Freitas, que estava à frente do evento, disse que prefere aguardar a apuração dos fatos e acreditar na inocência de Feliciano. Ele ressalta, no entanto, que o momento é de “se resguardar, sobretudo porque o evento tem como enfoque a família”, afirma.
As pessoas que fizeram o cadastro no site para concorrer aos ingressos começaram a receber mensagens via celular sobre o cancelamento do evento. “A organização comunica que o evento com Marco Feliciano foi cancelado preventivamente até o esclarecimento dos fatos envolvendo o palestrante, salientando acreditar se resta mais uma argilosa armação”, diz o texto.
Boletim de ocorrência
A jornalista Patrícia Lélis, 22, registrou na noite deste domingo (7) um boletim de ocorrência em que afirma que sofreu assédio sexual do pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP).
O boletim foi registrado na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, em Brasília, de acordo com informações da Polícia Civil. À polícia, a jovem relatou ter sido vítima de assédio pelo deputado na manhã do dia 15 de junho.
As acusações contra Feliciano já haviam sido divulgadas nas redes sociais na segunda-feira (1º), por meio de imagens de mensagens de celular entre a jovem e o deputado.
Patrícia, que é militante do PSC (Partido Social Cristão), relata que foi ao apartamento do deputado para uma reunião e que lá Feliciano lhe ofereceu um cargo para que ela se tornasse sua amante. Segundo a jovem, diante da negativa, ele a teria arrastado pelos cabelos, dado socos e tentado estuprá-la.
Na sexta, o chefe de gabinete do deputado, Talma Bauer, foi detido em São Paulo, acusado de coagir a jovem com uma arma a gravar vídeos em que ela voltava atrás na acusação contra Feliciano.
Também há suspeita de que ele tenha tentado subornar a jovem para que ela não acusasse mais o pastor. Após ser ouvido, Bauer foi liberado na madrugada de sábado (6).
Outro lado
A reportagem não conseguiu contato com o deputado Marco Feliciano para comentar o caso. No sábado, ele divulgou um vídeo em que se defende das acusações e afirma que há “falsa acusação de crime”.
“Eu quero dizer a todos vocês que embora eu esteja com o coração quebrado, machucado, com a minha família toda sofrendo, eu não vou julgar essa moça, eu perdoo ela, embora eu espere que ela seja responsabilizada pela falsa comunicação do crime”, afirma no vídeo.
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