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Demóstenes surgiu de surpresa na reunião do Conselho de Ética  para reclamar do rito adotado | Lula Marques/Folhapress
Demóstenes surgiu de surpresa na reunião do Conselho de Ética para reclamar do rito adotado| Foto: Lula Marques/Folhapress

Justiça

Ministro determina que PF apure vazamentos de conversas telefônicas

Folhapress

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou que a Polícia Federal investigue a origem do vazamento das informações da Operação Monte Carlo.

De acordo com o ministro, o pedido já foi feito ao diretor-geral da PF e os responsáveis serão punidos "na forma da lei".

"O Ministério da Justiça é radicalmente contrário a qualquer vazamento. Não importa se ele ocorre em favorecimento de pessoas que apoiam o governo, vinculados ao partido do governo ou da oposição. Isso é algo que nós efetivamente repudiamos", afirmou Cardozo.

Ontem foram divulgados diálogos telefônicos que sugerem um suposto esquema de corrupção no governo de Agnelo Queiroz (PT-DF) com representantes da empreiteira Delta. Cardozo reforçou que não houve problemas de vazamento no período de um ano e meio em que o processo esteve apenas na PF.

Senador diz que provará inocência

Agência Estado

Depois de submergir por uns dias e ainda sob o impacto das gravações comprometedoras da Polícia Federal, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) apareceu de surpresa ontem na reunião do Conselho de Ética. Assim que foi aberta a sessão, o senador pediu a palavra para dizer que provará sua "inocência" durante o processo, mas pediu respeito ao regimento da Casa.

Demóstenes alegou que a escolha do presidente da comissão, senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), poderia ser questionada como irregular, por não ter ocorrido, segundo o parlamentar, eleição em sessão secreta para o cargo. O senador goiano, porém, disse que não alegará qualquer nulidade do processo e que pretende rebater as acusações no mérito.

"Eu quero provar a minha inocência é no mérito, até agora não tive a oportunidade de me defender. Provarei que sou inocente", afirmou. Demóstenes disse que os dez dias de prazo para sua defesa são adequados e que a fará primeiro por escrito e depois responderá a todos os questionamentos dos integrantes do conselho. Ele deixou a sala sem falar com a imprensa.

Presidente

Por conta do questionamento levantado por Demóstenes, os senadores decidiram fazer a eleição de Valadares, que ocupava a presidência interinamente desde terça-feira. Ele recebeu 12 votos favoráveis e uma abstenção – dele próprio. O senador elogiou a iniciativa dos colegas, preocupados com "a legalidade e com o processo disciplinar". Valadares disse que, durante sua presidência, ninguém será julgado sem amplas garantias ao direito de defesa.

Depois de cinco desistências, o Conselho de Ética do Senado escolheu ontem o senador Humberto Costa (PT-PE) para ser o relator da representação do PSol contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), acusado de envolvimento com o empresário do ramo de jogos ilegais Carlinhos Cachoeira.

O primeiro escolhido por sorteio foi o senador Lobão Filho (PMDB-MA), ausente da reunião, mas que recusou por telefone. Em seguida, foi sorteado o líder do PTB na Casa, Gim Argello (DF), que desistiu da função. "Por foro íntimo, eu declino", alegou.

Como terceira opção surgiu o nome do senador Ciro Nogueira (PP-PI), que também recusou por telefone, por não estar presente. O presidente do Conselho, senador Antônio Carlos Valadares, sugeriu a suspensão do encontro, mas decidiu prosseguir o sorteio. Em seguida foram escolhidos os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL), que recusaram imediatamente.

O petista Humberto Costa, o sexto sorteado, concordou finalmente assumir a relatoria, sob aplausos da comissão.

Demóstenes tem dez dias, contados a partir de ontem, para apresentar sua defesa à representação. Caberá a Humberto Costa, como relator, instruir o processo e elaborar parecer que poderá sugerir a absolvição do parlamentar ou aplicação de sanções que podem chegar à cassação do mandato.

Demóstenes responde a processo por quebra de decoro parlamentar pela acusação de ligações com o empresário Carlos Cachoeira, suspeito de comandar um esquema de exploração de jogos ilegais no país.

Missão

Embora tenha avaliado que não é "agradável" julgar a conduta de colegas, Costa afirmou que a tarefa é uma das responsabilidades do cargo de senador. "Eu faço isso como uma missão." Ele preferiu não se pronunciar sobre as suspeitas que envolvem Demóstenes. O relator disse que na próxima reunião do conselho, na terça-feira, apresentará um plano de trabalho. Costa anunciou que pedirá ao Supremo Tribunal Federal (STF) acesso ao inquérito que investiga o senador goiano, apesar de a Corte já ter recusado um pedido semelhante.

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