Após a formalização da denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso da suposta aquisição do apartamento triplex no Guarujá, Lula não deve recuar da posição em que se colocou após a 24ª Fase da Operação Lava Jato, que o levou a prestar depoimento sobre o caso.
O ex-presidente deve intensificar o discurso que vem apresentando desde que começou a ser foco de investigações como o posse do sítio de Atibaia e do próprio triplex: de ser uma vítima da Justiça e do jogo político da oposição para acabar com o Partido dos Trabalhadores (PT).
De acordo com o cientista político Humberto Dantas, professor do Insper e da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), a denúncia formal do ex-presidente não deve mudar a forma combativa com que Lula tem se manifestado. “Não há na denúncia nenhum fato novo que faça com que o ex-presidente mude o discurso. Esse é típico Lula, aventureiro e extremamente personalista. O pior ele já tem, agora é matar ou morrer”, disse.
“O ex-presidente tem falado mais na condição de acusado do que a própria oposição, que está com medo de que as investigações chegue até ela. Já o Lula fala mais alto e se coloca no centro da política nacional pela primeira vez no governo de Dilma”, opinou.
Para o cientista político Bruno Bolognesi, a judicialização do fato não deve alterar a forma com que o ex-presidente e o partido tem se posicionado. “Uma denúncia formal não altera nada pois o julgamento político já está sendo feito. Talvez, seja um ponto a mais para a ficha de Lula”, comentou.
Discurso histórico
De acordo com o Dantas, historicamente, o discurso do PT é de que a imprensa e a Justiça são seus maiores inimigos. “Se resgatarmos discursos do ex-presidente e do presidente do partido, Rui Falcão, veremos que eles sempre se colocaram como vítimas da imprensa e da Justiça. Agora, não vai ser diferente”, afirmou.
Para o cientista político Bruno Bolognesi, o partido deve manter o discurso de vítima porque é a única estratégia que restou. “O PT queimou muitas frentes em que atuava e só sobrou a crítica formal. Até mesmo os militantes mantém o foco na necessidade ou não da condução coercitiva do ex-presidente, o que é uma questão meramente formal e não de conteúdo”.
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