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Por meio de sua assessoria, o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, confirmou na tarde desta quinta-feira que entregará ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma carta com seu pedido de afastamento do cargo. Mares Guia, juntamente com o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e outras 13 pessoas, foi denunciado pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, pelo envolvimento no escândalo do mensalão mineiro, como ficou conhecido o suposto esquema de caixa dois para a campanha de Azeredo para o governo de Minas em 1998. O atual líder do governo na Câmara, José Múcio Monteiro (PE), também do PTB, deve assumir o ministério.

O esquema, intermediado pela SMP&B, a agência do publicitário Marcos Valério, teria sido a gênese do mensalão repetido posteriormente pelo PT. A denúncia foi protocolada nesta quinta-feira no Supremo Tribunal Federal (STF). Assim que recebeu a denúncia, o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, revogou o sigilo de Justiça dos autos, preservando a confidencialidade apenas das informações bancárias e fiscais.

"Diante do oferecimento da denúncia pelo PGR, revogo o segredo de Justiça, anteriormente decretado. À secretaria para que proceda ao lacre dos documentos protegidos por sigilo bancário, fiscal e eletrônico, cuja consulta somente será facultada aos advogados dos investigados, devidamente constituídos nos autos", diz o despacho.

Foram denunciados por peculato e lavagem de dinheiro, além de Mares Guia e Azeredo, o publicitário Marcos Valério, e o empresário Clésio Andrade, presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), que foi vice-governador de Minas no primeiro mandato de Aécio Neves (PSDB). Integram ainda a lista de supostos envolvidos no esquema de caixa 2 para a campanha de Azeredo em 1998 Cláudio Mourão, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, Eduardo Pereira Guedes Neto, Fernando Moreira Soares, Lauro Wilson de Lima Filho, Renato Caporali, José Bicalho Beltrão da Silva, Jair Alonso de Oliveira, Sylvio Perez de Carvalho e Eduardo Pimenta Mundim.

O ministro dissera na quarta-feira ao jornal "O Globo" que se afastaria caso fosse denunciado pelo Ministério Público por envolvimento no valerioduto mineiro.

Ainda em entrevista ao 'Globo', o ministro dissera ter consciência de que, se permanecesse no cargo, não teria oportunidade de fazer sua defesa adequadamente.

- Tenho absoluta confiança de que tenho como provar que não tenho nenhuma participação no que está sendo apurado, mas vou precisar de tempo e dedicação para fazer a minha defesa. Além disso, não quero prejudicar o governo - disse o ministro ao "Globo".

Mantega lamenta saída, mas não vê dano para CPMF

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, lamentou nesta quinta-feira a saída de Mares Guia, mas disse não ver problemas para aprovar a prorrogação da CPMF no Senado.

- A saída do Walfrido é uma perda para o governo, porque ele em um papel de articulação política fundamental, que ele faz muito bem. Ele é um companheiro solidário, mas nós continuaremos fazendo as negociações mesmo sem ele. Não acredito que vá haver prejuízo, porque acredito que vamos aprovar a prorrogação da CPMF - afirmou Mantega.

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