Depois de quatro horas de depoimento na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, a ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, deixou a reunião sem falar com a imprensa. Aos senadores, ela apresentou detalhes de um suposto encontro secreto com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e negou que a ministra tenha tentado influenciar no resultado de investigações do órgão sobre os negócios de Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

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Para a oposição, as declarações de Lina reforçaram a tese de que a ministra, de fato, interferiu no órgão. O senador Antônio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA), autor do requerimento de convocação de Lina, avaliou que a versão da ex-secretária serviu para comprovar a existência do suposto encontro. "Claro que a gente esperava mais informações, mas não tenho dúvidas de que o encontro existiu", disse.

A oposição afirma que vai aguardar que Dilma se manifeste sobre o depoimento de Lina Vieira para decidir se entra com um requerimento de acareação na CPI da Petrobras. De acordo com o regimento do Senado, não há como promover acareações na CCJ. "A solução para esse caso vai ser a acareação. Mas vamos aguardar o avançar dos fatos para propor essa matéria na CPI da Petrobras", disse Antônio Carlos Magalhães Júnior.

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Ainda segundo o senador do DEM, Dilma jamais poderia ter interferido em um assunto da Receita Federal. "A interferência, por menor que seja, foi indevida. Ela (Dilma) não poderia se meter", disse.

A ex-secretária da Receita Federal disse que Dilma teria pedido para ela "agilizar" a conclusão de investigações em torno do filho de Sarney. Pedido semelhante à recomendação da Justiça, que também havia solicitado celeridade no trabalho do órgão sobre as apurações em relação a Fernando Sarney.

Do lado do governo, o fato de a ex-secretária ter afirmado que a ministra não interferiu no mérito da investigação contra Fernando Sarney foi encarado como vitória. O líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), saiu satisfeito com as palavras de Lina que, para ele, mostram que não houve irregularidades cometidas por Dilma no suposto encontro.