Após sofrer com a falta de apoio de sua base para aprovar mudanças na cobrança do ICMS e um novo marco regulatório para os portos, a presidente Dilma Rousseff pretende mudar a relação com os aliados, temendo que a crescente insatisfação prejudique seu projeto de reeleição, disse à Reuters uma fonte do governo nesta quinta-feira (9). O adiamento da votação da Medida Provisória dos Portos na quarta-feira na Câmara, que tornou a aprovação de novas regras para o setor portuário até o dia 16 --data que vence a MP-- improvável, foi um fator determinante para que Dilma decidisse acenar com uma reaproximação com os aliados.
Para isso, a presidente pretende atender a uma reivindicação antiga dos parlamentares de incluí-los na sua comitiva quando for visitar suas bases eleitorais, prática sempre adotada pelo seu antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Esse tipo de gesto político é valioso para os parlamentares, que conseguem demonstrar prestígio ao chegar na sua base eleitoral acompanhando a presidente. Dilma levou pouquíssimos deputados e senadores em suas viagens desde que assumiu.
Segundo a fonte, que pediu anonimato, a presidente também pedirá que os ministros firmem convênios ou anunciem ações do governo federal nos Estados sempre em sintonia com os aliados no Congresso, o que permite que eles também possam colher dividendos políticos dessas iniciativas.
Hoje, por determinação da presidente, essa relação entre governo federal e prefeitos e governadores quase sempre é feita sem a participação dos parlamentares. Os ministros dos partidos aliados também devem ter um papel maior na articulação com o Congresso, isso já será feito nos próximos dias em um último esforço do governo para aprovar a MP dos Portos até o dia 16.
Dilma também estaria disposta a dar respostas mais ágeis para os pedidos dos aliados no Congresso, tanto em liberações de emendas como outras reivindicações, segundo essa fonte.
A mudança de posição tem dois objetivos: facilitar as ações do Executivo no Congresso e evitar que o clima de insatisfação generalizada contamine as negociações de alianças com vistas à eleição presidencial do ano que vem.
A fonte reconhece, no entanto, que a possível mudança de atitude da presidente só terá efeito entre os parlamentares da base aliada quando se efetivar. "Não há espaço apenas para acenos e promessas", afirmou.
A relação da presidente com o Congresso sempre foi tensa, principalmente porque ela faz menos concessões do que Lula à base aliada. Agora, segundo essa fonte, a presidente admitiu que os insatisfeitos começaram a agir em conjunto no Congresso, como na MP dos Portos, quando vários partidos aliados subscreveram uma emenda do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), com mudanças que desfiguram a proposta do governo para o setor.
A reação da presidente pretende evitar que esses aliados passem a adotar postura de oposição ao governo para garantir que suas reivindicações sejam atendidas.
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