Os escândalos envolvendo o PT com acusações de caixa paralelo de campanha e a nova lei eleitoral deixaram candidatos e doadores com receio. O prazo para que os partidos registrem no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) os comitês financeiros das campanhas termina hoje, e as coligações estão sendo orientadas a tomar todo o cuidado com a arrecadação do dinheiro.
Até a tarde de ontem, a maior parte dos partidos no Paraná já havia registrado os nomes dos presidentes e tesoureiros dos comitês financeiros. Já com as contas específicas para a movimentação financeira de campanha abertas, os tesoureiros agora preparam o trabalho de arrecadação de recursos. A movimentação inicial já mostrou que os empresários não serão muito receptivos às doações.
"A legislação é muito rigorosa. Quem não tem caixa feito, como os candidatos de oposição como eu, vai ter que buscar dinheiro e precisa de contribuição", disse o senador Osmar Dias (PDT), candidato ao governo. "Está muito difícil porque há hoje um cuidado das empresas que até querem participar, mas têm cuidado com a legislação. Creio que a lei vai cumprir o objetivo de reduzir os gastos porque as pessoas sabem que seria risco para os dois lados qualquer coisa irregular", afirmou. Quem vai cuidar das finanças da campanha de Osmar é o vereador de Curitiba Jorge Bernardi (PDT), que também é suplente do candidato no Senado.
Depois que o tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares, confessou ter montando um caixa 2 na campanha de Lula para presidente da República, em 2002, a orientação do partido é andar rigorosamente na linha. "O PT nacional tem insistido, orientado que tenhamos cuidado redobrado nestas eleições. Não vamos aceitar doações de quem não quer aparecer", disse Pedro Paulo Costa, tesoureiro do diretório estadual do partido e presidente do comitê financeiro da campanha de Flávio Arns (PT).
A conta aberta nesta semana pelo PT tem R$ 10 mil depositados, dinheiro doado pelo diretório estadual do partido. O trabalho de "passar a sacola" para arrecadar recursos será feito pelos candidatos Flávio Arns e Gleisi Hoffmann, que disputa uma vaga no Senado.
O PSDB estadual, que montou um comitê financeiro para a campanha de Alvaro Dias para o Senado, independente da coligação com o PMDB, está encontrando dificuldades na arrecadação. "As pessoas estão com medo de doar porque não querem aparecer como colaboradores. Como a legislação está mais rigorosa, muitos acabarão nem doando", disse o deputado estadual Valdir Rossoni, presidente do diretório estadual do PSDB.
O PPS está usando "pratas da casa" na equipe de campanha de Rubens Bueno. Quem vai cuidar do cofre é Jorge Gomes Rosa, que já é tesoureiro do partido e faz parte da executiva estadual. Segundo o secretário-geral do PPS do Paraná, Rubico Camargo, o partido está recebendo contribuições de pessoas que sempre ajudaram, mas a previsão é de gastar pouco. "Toda campanha depende de arrecadação, mas nossa equipe é da casa, não tem nenhuma estrela", afirmou Camargo.
Os valores de limite de gastos declarados no momento do registro das candidaturas no TRE já mostram que os partidos estão tendo cuidado com a legislação. "Todo mundo estimou os gastos lá em cima para não correr perigo de ferir a lei, mas não gastaremos tudo isso. Declaramos R$ 15 milhões, mas provavelmente vamos gastar a metade, ao menos no primeiro turno", disse Miltom Buabssi, presidente do comitê financeiro de Roberto Requião (PMDB) e secretário estadual de Relações com a Comunidade. A tesoureira da campanha será a prima do governador, Daniele de Mello e Silva.
O comitê petista também diz que não há como saber agora se o partido vai chegar perto dos R$ 4,9 milhões registrados como limite de gastos da campanha de Flávio Arns. "Colocamos a meta porque a legislação exige. Mas ainda estamos fazendo o planejamento de quanto realmente será gasto e agora estamos fazendo o levantamento de custos ", disse Pedro Paulo Costa.
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