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Manifestantes ao redor de caixão queimado simbolizando o governo Temer | Miguel Schincariol/AFP
Manifestantes ao redor de caixão queimado simbolizando o governo Temer| Foto: Miguel Schincariol/AFP

Terminou em violência a manifestação contra o governo do presidente Michel Temer, que tinha ocorrido em clima pacífico desde o início. Após o encerramento oficial do ato, no Largo da Batata, quando os manifestantes entravam nas estações de metrô das imediações, a tropa de choque da PM iniciou uma movimentação e lançou uma granada de mão em meio ao grupo. Houve pânico e correria, e mais bombas foram lançadas.

Depois da primeira bomba, um grupo de Black Blocs tentou depredar a área, mas foi contido por seguranças da CUT e do MTST, que convocaram a manifestação. Na sequência, bombas de efeito moral foram lançadas em outros pontos da praça, em direção a outros grupos de manifestantes. Embora o carro de som pedisse calma aos participantes do ato, a confusão foi generalizada.

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O ato, que começou na Paulista, seguiu em clima de tranquilidade até o Largo da Batata, em Pinheiros, na Zona Oeste, depois de ter percorrido as avenidas Paulista e Rebouças. A caminhada começou por volta de 17h30, depois de uma hora de concentração em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). A expectativa dos organizadores era de reunir pelo menos 40 mil pessoas, mas quando a passeata começou, os líderes estimavam 100 mil participantes. A Polícia Militar não calculou o público presente. Pelo menos oito quadras da Paulista foram tomadas, desde a Avenida Brigadeiro Luis Antonio até e Rua Augusta.

Ainda durante a concentração, a Tropa de Choque da Policia Militar foi recebida com vaias. Um manifestante jogou uma lata de cerveja sobre os policiais, que fizeram menção de revidar com balas de borracha, mas os ânimos foram contidos. Durante a descida da Avenida Rebouças aconteceu uma pequena confusão entre organizadores do ato ligados ao MTST e à CUT e um grupo de cerca de 20 jovens mascarados. Os organizadores do ato exigiram que eles tirassem as camisas e panos que estavam cobrindo seus rostos. Um dos jovens ameaçou reagir e foi cercado por seguranças da CUT. A entidade sindical deslocou seguranças para acompanhar todo o protesto. Eles se comunicam por meio de rádio e telefone celular. Um grupo de seguranças da CUT e do MTST seguiram de perto os Black Blocs. A PM acompanhou a descida pela Rebouças.

De acordo com Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a manifestação é pacífica e transferiu para a PM a responsabilidade dos confrontos em atos anteriores. Boulos disse que o protesto deste domingo tem três eixos principais: “Fora Temer”, convocação de eleições diretas e a preservação dos direitos trabalhistas.

“São sempre eles (os policiais militares) que tomam a iniciativa de atacar os manifestantes”, disse.

Pouco antes do início da passeata, 27 jovens, inclusive menores, que participariam do ato foram detidos no Centro Cultural Vergueiro e encaminhados à 1ª Delegacia de Investigação Geral, na zona norte da capital. A polícia não informou o motivo da detenção.

Alguns participantes colaram adesivos pela avenida Paulista com as palavras de ordem: “Abaixo a ditadura, Temer na cadeia” e “Abaixo a ditadura, Moro na cadeia”. Vários portam cartazes com a frase “Fora Temer”. Os manifestantes trouxeram ainda um caixão com um boneco dentro dele representando o presidente Michel Temer. O caixão foi queimado no final da passeata. Os participantes também entoaram o hino nacional substituindo a letra original apenas por “Fora Temer”. Entre os participantes há sindicalistas, integrantes de movimentos populares e famílias.

O bancário Christian Antunes Pimentel, de 37 anos, afirmou que está nas ruas para pedir a devolução do mandato “roubado” pelo PMDB. “É um partido usurpador. Bandidos! São todos bandidos. Não aceitaremos Cunha, Renan e Temer roubando o voto de 54 milhões de brasileiros”, disse.

Já a estudante de Letras Beatriz Ornellas, de 22 anos, acredita que a mobilização é necessária para evitar a perda de direitos das minorias.”Não tem mulher, não tem negro. Esse não é um governo do povo. É contra o povo”, afirmou.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) havia proibido o ato, já que o início da concentração dos protestos coincidia com a passagem da tocha paralímpica, que aconteceu por volta de 14h30. Mesmo assim os organizadores haviam confirmado a sua realização. A SSP, então, voltou atrás e autorizou a manifestação a partir das 16h30, o que teve a concordância das frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, organizadoras do ato.

“Aceitamos o adiamento do início do protesto para deixar claro de que lado está a intransigência e não dar pretexto à repressão da Polícia Militar”, escreveram em nota as duas frentes.

O ato conta com a presença de diversos políticos do PT e PSol. Entre os petistas estão na avenida o senador Lindbergh Farias, o deputado federal Paulo Teixeira, o candidato a vereador e ex-senador Eduardo Suplicy. Os socialistas são a candidata à Prefeitura de São Paulo e deputada federal Luiza Erundina, ovacionada pelos manifestantes, e o deputado federal Ivan Valente. A atriz Letícia Sabatella também participa do ato.

“Ele vai ouvir uma vaia que vai chegar na China”, disse o senador Lindbergh, argumentando que este governo não se sustenta até 2018 e que o PT trabalha para realizar um plebiscito para que sejam realizadas novas eleições.

Em resposta às declarações de Temer, Guilherme Boulos acrescentou: “Prefiro estar do lado de apenas 40 manifestantes do que estar do lado de um governo de 40 bandidos.”

Na China, o presidente Michel Temer minimizou ontem os protestos realizados no Brasil contra o impeachment. Segundo ele, são grupos pequenos e de depredadores. “Na verdade, são pequenos grupos, parece que são grupos mínimos, né? Não são movimentos populares de muito peso. Não tenho numericamente, mas são 40, 50, 100 pessoas, nada mais do que isso. Agora, no conjunto de 204 milhões de brasileiros, acho que isso é inexpressivo.”

Conflitos

Na semana passada, cinco protestos foram realizados contra o governo Temer e alguns terminaram em conflito com a Polícia Militar. Na última sexta-feira, por exemplo, oito pessoas foram detidas após um confronto na Avenida Eusébio Matoso, na Zona Oeste da capital. Foram depredados pontos de ônibus e vitrines de lojas de carros de luxo. A confusão começou após a PM dizer que não havia sido informada do trajeto da passeata, impedindo a saída do grupo. Manifestantes se dividiram e avançaram por ruas próximas, o que acabou levando ao conflito com os policiais.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, que também está na Paulista neste domingo, fez coro a Boulos e culpou a Polícia Militar pelos últimos atos de violência nas manifestações. De acordo com o sindicalista, a PM é orientada a reprimir os contrários a Temer e defender os “patos da Fiesp”.

“Vivemos a fulanização da segurança pública. O governador coloca 100 homens para proteger os patos da Fiesp e o Pixuleco e contra a gente ataca,”, disse Freitas.

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