A oposição ao governo federal já articulava desde a prisão do marqueteiro do PT João Santana, no último dia 23, a retomada do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. Na quinta-feira (3), a partir da publicação de trechos da delação premiada do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), a oposição ganhou mais força na investida contra o governo federal. Nesta sexta-feira (4), com o ex-presidente Lula na mira da nova fase da Lava Jato, a pressão política em Brasília chegou ao patamar máximo.
“A prisão do marqueteiro João Santana, as revelações do senador Delcídio Amaral, são estarrecedoras. Tenho convicção de que a Operação Lava Jato entrou porta adentro do Palácio do Planalto e se instalou no gabinete da presidência Dilma. Não tenho dúvida”, afirmou o líder da bancada do DEM, Pauderney Avelino (AM), em entrevista à Gazeta do Povo nesta sexta-feira.
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No Congresso Nacional, geralmente sexta-feira é um dia esvaziado, pois a maioria dos parlamentares já está em suas bases eleitorais, nos estados. A oposição tenta marcar uma reunião no gabinete da liderança do PSDB no Senado Federal, mas a informação que circula nos corredores é de que nem todos os parlamentares conseguirão chegar a Brasília.
Pauderney reforça, contudo, que a ideia de retomar o processo de impeachment já é uma decisão tomada pela oposição. Ao pedido de impeachment feito no ano passado pelo procurador de Justiça aposentado Hélio Bicudo e pelos advogados Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal, e parcialmente acolhido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no início de dezembro, a oposição vai pedir um “aditamento”, para incluir as declarações de Delcídio do Amaral.
Até aqui, o pedido de impeachment na Câmara trata de acusações de crime de responsabilidade, por causa de pedaladas fiscais e edição de créditos suplementares sem aval do Congresso Nacional. “Não precisa ser um novo pedido de impeachment. A peça tem condições de ser aditada. Mesmo com a mudança de rito feita pelo Supremo Tribunal Federal, vamos instalar a comissão processante do impeachment e dar celeridade”, disse o líder do DEM.
Questionado se o presidente da Câmara, que se tornou réu da Lava Jato nesta semana, teria condições de dar seguimento ao processo de impeachment, Pauderney afirmou que “o processo de impeachment irá caminhar com ou sem Cunha na presidência”. “O encaminhamento ao impeachment já foi dado. O que depende agora do presidente da Câmara é acolher esse pedido de aditamento”, resumiu ele.
Oposição da Câmara pretende obstruir votações para acelerar impeachment
Folhapress
Com o aval do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), a oposição quer acelerar a tramitação do processo de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. A ideia inicial é obstruir todas as votações da Casa no plenário, único local ainda em funcionamento, uma vez que nenhuma das comissões permanentes foi instalada ainda.
Aécio foi procurado na manhã desta sexta-feira (4) por grupos de oposição, aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O objetivo é unificar mais rapidamente o discurso pró-impeachment.
Uma ala contrária à Dilma chegou a defender que o presidente da Câmara abrisse mão dos questionamentos que fez ao Supremo Tribunal Federal e desse sequência imediata à tramitação do impeachment.
Após o STF derrubar o rito do impeachment imposto por Cunha e proibir, entre outras coisas, a eleição da comissão especial que julgará Dilma com a participação de chapa avulsa, em dezembro, o peemedebista encaminhou embargos de declaração aos ministros com uma série de questionamentos. Decidiu que só dará sequência à tramitação do impeachment após a nova manifestação do Supremo.
Aliados do peemedebista dizem que a espera se deve a uma esperança de que os ministros mudem de ideia sobre alguns pontos do julgamento, como a proibição da chapa avulsa.
Dessa forma, a decisão até o momento é obstruir todas as votações da Casa.
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