Representantes da Polícia Federal (PF), que fez uma paralisação de 24 horas na véspera, se reúnem nesta quinta-feira com a equipe técnica dos ministérios do Planejamento e da Justiça. Eles ameaçam fazer nova greve, desta vez por tempo indeterminado, caso não seja apresentada uma proposta concreta de pagamento do reajuste.
A paralisação de 24 horas, a maior da história da PF, foi feita para cobrar reajuste salarial que teria sido prometido pelo governo para o ano passado, mas ainda não foi pago. Segundo a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), cerca de nove mil delegados, agentes, peritos, escrivães e papiloscopistas cruzaram os braços durante esta quarta-feira.
A greve resultou em filas nos aeroportos de Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Salvador e Porto Alegre, além dos pontos de fronteira em Uruguaiana e Foz do Iguaçu, onde foram feitas operações-padrão. Também ficaram prejudicados os andamentos da Operação Hurricane , que prendeu bicheiros, donos de casas de bingo, advogados, policiais e autoridades do Judiciário na sexta-feira passada.
Para marcar o protesto, um grupo de cerca de 500 policiais fez uma caminhada da sede da PF, em Brasília, até o Ministério do Planejamento. Chegando ao local, o grupo não foi recebido pelo titular da pasta, Paulo Bernardo. Mas o ministro aceitou conversar com os deputados Laerte Bessa (PMDB-DF) e Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), que são policiais e acompanhavam a passeata. Aos dois, o ministro prometeu reabrir as negociações sobre o reajuste salarial. Diante dessa possibilidade, a categoria reclamou ainda mais:
- Reabrir as negociações é um retrocesso. Temos um papel timbrado com a promessa do governo de conceder um reajuste de 60% em 2006. Queremos que isso seja cumprido - disse o presidente da ADPF, Sandro Torres.
Segundo Torres, o compromisso firmado pelo governo foi feito em 2005 e deveria ter sido cumprido em duas parcelas no ano passado. O reajuste equipararia os salários dos delegados aos de procuradores da República. No entanto, os policiais federais teriam recebido apenas a primeira parcela, de 30%, em junho. A segunda não teria prazo para aparecer nos contracheques.
Outra reclamação é o fato de que, com a primeira parcela, o governo também teria cortado gratificações expressivas dos policiais, especialmente os que já estão no fim da carreira.
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